O ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, demitido do cargo pelo envolvimento na quebra do sigilo bancário de um caseiro, terá direito a receber do governo federal mais quatro meses de salário sem trabalhar. Serão R$ 8 363,80 por mês até 29 de julho. Esse benefício decorre da chamada "quarentena" que o ex-ministro precisa cumprir e que o impede de trabalhar no setor privado por um tempo. A justificativa legal para esse afastamento remunerado é que, pelo cargo que ocupou, Palocci detém informações privilegiadas da política econômica. Dessa forma, precisa esperar alguns meses até formalmente ser admitido em outro emprego.
Outros ministros da Fazenda também já cumpriram a quarentena. O antecessor de Palocci, Pedro Malan, permaneceu quatro meses recebendo salário do governo, no início de 2003, antes de ser convidado a assumir a presidência do Conselho de Administração do Unibanco, em 2004. Além dos quatro meses de salário, Palocci também poderá continuar na residência oficial do Ministério da Fazenda – uma mansão à beira do Lago Paranoá, em Brasília – por cerca de um mês. O prazo conta a partir da notificação pela Secretaria de Patrimônio da União. Depois disso, o ex-ministro passa a pagar multa por eventual atraso.
O ex-ministro tem residência em Ribeirão Preto, mas adia seu retorno à cidade por motivos familiares (a filha estuda em Brasília) e políticos (o isolamento). O ex-ministro passou os últimos dias em exílio na mansão para evitar aparições públicas e a câmara dos fotógrafos. Na próxima semana, entretanto, ele deverá ser convocado pelos procuradores de São Paulo para depor nos inquéritos que investigam os supostos desvios de recursos da prefeitura de Ribeirão durante o segundo mandato de Palocci como prefeito (2001-2002).
Diretamente interessado na desocupação da residência do Ministério da Fazenda, o atual ocupante do cargo, Guido Mantega, tem passado a semana em um hotel em Brasília. Nos finais de semana, retorna a São Paulo, onde sua família tem residência fixa.
