Romário completou 40 anos no último domingo (29) com muita polêmica, gols e genialidade dentro da área. Talento raro. Desses difíceis de se encontrar por aí. Menino pobre, nascido na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro, ganhou o mundo com seu futebol vistoso e objetivo. Consagrado, carrega agora um desafio, possivelmente o último de sua vitoriosa carreira: chegar aos mil gols. Faltam 50. No último sábado (28), contra o América, o "Baixinho" alcançou a expressiva marca de 950. Um prêmio a um dos melhores atacantes que apareceram no futebol mundial. Justo reconhecimento a um jogador que já não se encontra mais. Um craque sem substitutos. Assim é Romário.
Temperamental, de personalidade forte, fala o que pensa. Foi assim durante toda a sua carreira. Difícil não colecionar desafetos. Impossível não ter admiradores. Polêmico, sempre foi o centro das atenções.
Num distante 1985, surgia no Vasco uma promessa. Mesmo com apenas 1,69 m, o jovem dava trabalho aos adversários. Suas jogadas de efeito conquistavam os torcedores. Não demorou muito para se tornar um jogador espetacular dentro da área. Poucos no mundo tinham e têm a sua precisão e aproveitamento na frente do goleiro. Requisitos mais que suficientes para despertar o interesse dos europeus.
E por lá o Baixinho também foi rei. O PSV (Holanda); Barcelona e Valencia, na Espanha, tiveram a sorte de contar com seu futebol. Mas não foram apenas os gols que fizeram de Romário grande responsável pelo tetracampeonato do Brasil nos Estados Unidos, em 1994, a figura que é hoje.
Brigas e discussões andaram sempre a seu lado. Não há como se esquecer das agressões ao lateral-direito Cafezinho, do Madureira, quando defendia o Flamengo, em 1997, nem ao zagueiro Andrei, companheiro de Fluminense, em 2002. Romário nunca foi de levar desaforo para casa. Uma vez, em um treino nas Laranjeiras, na zona sul do Rio, chegou às vias de fato com um torcedor que o estava aborrecendo. Pouco se importava se estava certo ou errado. O Baixinho sempre fez o que achava que tinha de fazer.
Nem Pelé escapou de suas garras. Quando disse ao artilheiro que estava na hora de parar, o "Rei do Futebol" ouviu o que não quis. "O Pelé calado é um poeta", lançou Romário. Frases também foram seu forte. Seu jeito sempre rendeu boas entrevistas.
Agora, com mais de duas décadas de carreira, Romário corre contra o tempo. Aos 40 anos, sabe que a hora de parar está chegando. Azar do futebol brasileiro, que perderá um de seus melhores jogadores. Um craque sem substitutos.