A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados vota amanhã relatório que recomenda a cassação do mandato do deputado federal André Luiz (PMDB-RJ) por quebra de decoro parlamentar. Dos sete membros que compõem a Mesa, quatro precisam votar favoravelmente ao relatório, que aprovado hoje, por unanimidade, pela Comissão de Sindicância que apurou denúncias de extorsão contra o parlamentar.
De acordo com o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), a Mesa vai se reunir às 9h30 para decidir sobre o relatório. Caso haja concordância dos parlamentares, o relatório será encaminhado ao Conselho de Ética, que terá prazo máximo de 60 dias para encaminhar o processo de cassação.
André Luiz tem prazo até a abertura do processo para renunciar e não ficar inelegível pelo período de oito anos. Caberá ao plenário da Câmara a decisão final sobre o processo. São necessários, no mínimo, 257 votos pela cassação para que o deputado perca o mandato. Os votos dos parlamentares são secretos.
O deputado é acusado de tentar extorquir R$ 4 milhões do empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira. O dinheiro seria usado para o pagamento de deputados estaduais com o objetivo de retirar o nome de Carlos Cachoeira da lista de indiciados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Loterj. A CPI foi criada pela Assembléia Legislativa do Rio para apurar irregularidades na empresa que administra os jogos no estado. Carlos Cachoeira acabou sendo indiciado junto com outras 19 pessoas acusadas de corrupção e formação de quadrilha.
No fim de outubro, depois de a revista Veja publicar a denúncia de que o deputado teria pedido os R$ 4 milhões a Carlinhos Cachoeira, a sindicância da Câmara iniciou as investigações utilizando o relatório da CPI e a fita com gravações que comprovariam a tentativa de extorquir dinheiro de Carlinhos Cachoeira. De acordo com a relatora da sindicância, deputada Iriny Lopes (PT-ES), a unanimidade que o relatório teve na sindicância deve pesar na decisão da Mesa. "O relatório se baseou na fita, no conteúdo, e tenho segurança do que estou propondo", afirmou a deputada.