Poucas horas antes de se encontrar com o presidente da Argentina Néstor Kirchner, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez fez um apelo para fortalecer o Mercosul sob augúrios de morte para o bloco regional. "Ou (o Mercosul) transformamos ou vai morrer como morreu a Comunidade Andina de Nações (CAN)", afirmou o venezuelano em entrevista ao canal oficial da Argentina, Canal 7.
A referência de Chávez foi à crise que a CAN vem sofrendo desde que a Venezuela decidiu abandonar o bloco para associar-se o Mercosul, há cerca de um ano. Posando de líder regional, Chávez defendeu a construção de um "novo Mercosul", no qual, "não possam repetir as coisas que foram criticadas na proposta da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).
A menção diz respeito às "assimetrias" no Mercosul, numa clara referência aos sócios menores, como Paraguai e Uruguai. "Brasil e Argentina estão convocados à ouvir os pequenos, os que têm mais dificuldades, e garantir a colocação dos produtos (dos países menores) sem travas", opinou. Chávez citou até exemplos das assimetrias no Mercosul, como o caso do arroz do Uruguai, que, segundo ele, "por não pode vender o produto ao Brasil, teve que vendê-lo ao Irã".
Etanol
No seu melhor estilo irônico, o venezuelano também se referiu ao acordo entre o Brasil e os Estados Unidos para a produção de etanol. "Vamos produzir alimentos para os veículos dos senhores do Norte. Que coisa tão louca. Esse é o plano de Bush", disse completando que os EUA "querem substituir a produção de alimentos para dar sustento ao American Way of Life". Em seus cálculos, "para produzir um milhão de barris de etanol, é preciso semear 20 milhões de hectares de milho" e, por isso, "andam buscando países com grandes extensões agrícolas e com água".
Sobre as exportações petróleo venezuelano aos EUA, Chávez disse que Venezuela está "reduzindo o nível de envios" àquele país e também está "diversificando" seus destinos de exportações do produto, como para a Índia e a China.
