Mercado se prepara para a guerra e dólar sobe para R$ 3,51

Depois de alcançar o patamar de R$ 3,20 na última semana, o dólar voltou a ser cotado acima dos R$ 3,50 nesta quarta-feira diante de um cenário externo conturbado pelas tensões entre EUA e Iraque e a instabilidade na Venezuela.

No ano, a desvalorização da moeda se reduziu de 8% no último dia 10 para 0,8% hoje.

A moeda norte-americana fechou em alta de 0,86%, a R$ 3,515 para venda e R$ 3,51 para compra, cedendo da máxima do dia e maior cotação do governo Lula, R$ 3,547, com a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) de elevar para 25,5% ao ano a taxa básica de juros. Já o risco Brasil sobe 0,95% para 1.373 pontos.

O mercado recebeu bem a alta de 0,5 ponto percentual dos juros que marcou a primeira reunião do Copom sob a batuta de Henrique Meirelles, presidente do BC desde o último dia 7. Mesmo assim, o nervosismo persiste.

“O efeito psicológico [da alta de 0,5 ponto nos juros] é bom, porque o mercado estava ansioso para ver em que direção o governo vai andar. Mas, na prática, um aumento de 0,5 ponto não adianta nada”, afirmou Miriam Tavares, diretora da corretora AGK.

A decisão de elevar os juros foi unânime dentro do Copom e a justificativa é a necessidade de conter a inflação para que seja cumprida a meta ajustada, anunciada ontem pelo BC, de 8,5% neste ano – ainda abaixo da projeção do mercado para a inflação ao consumidor, que supera os 11%. Juros altos encarecem o crédito e inibem o consumo, contendo os aumentos de preços.

Mas mesmo em linha com o que queriam investidores e analistas, a decisão do Copom foi incapaz de reverter o quadro de nervosismo e aversão ao risco, que leva os investidores externos a venderem ativos em países emergentes como o Brasil e os investidores domésticos a comprar dólares, ante a expectativa por novas turbulências na economia global e da disparada nos preços do petróleo.

Hoje, a Venezuela, quinto maior produtor mundial de petróleo, decretou feriado cambial hoje enquanto o governo estuda medidas de restrição para conter a fuga de capitais decorrente da atual crise política e econômica no país, em greve geral desde o dia 2 de dezembro. Além disso, nos últimos dias se ampliaram as tensões entre EUA e Iraque, localizado na maior região exportadora de petróleo do mundo, o golfo Pérsico.

“O dólar, no mínimo, interrompeu a trajetória de baixa. O mercado está sentindo de forma bem clara que a guerra é um caminho sem volta”, afirmou Miriam.

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