Mercado se ajusta e dólar cai para R$ 3,80

O dólar comercial rompeu hoje o suporte de R$ 3,91, em que vinha se mantendo desde quinta-feira da semana passada. O dólar à vista fechou na mínima do dia, em baixa de 2,81%, a R$ 3,80, a menor cotação desde o último dia 8. Na BM&F, todos os contratos futuros de dólar também projetaram quedas de preços. O contrato de dólar para novembro, por exemplo, caiu 2,81%, para R$ 3,761.

Assimilada a possibilidade de vitória do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência neste domingo, o mercado partiu para o ajuste das cotações. Segundo operadores, o dólar acompanhou a queda do risco Brasil provocada pela recuperação dos títulos da dívida brasileira.

No mercado da dívida externa, os investidores deram continuidade à zeragem de posições vendidas – operações que apostam na queda dos papéis -, que provocaram forte depreciação desses títulos nas últimas semanas. O C-Bond chegou a subir para 57,125 centavos de dólar (3,63%), mas fechou em alta de 2,27%, cotado a 56,438 centavos de dólar, ou 56,4% do valor de face. No fim da tarde, o risco país caía 64 pontos, para 1.827 pontos, o nível mais baixo desde 16 de setembro.

Os investidores também foram motivados a vender dólares hoje pela oferta de títulos indexados à inflação feita pelo Tesouro. Embora o vencimento desses títulos seja apenas em 2005, o mercado absorveu toda a oferta de 1,5 milhão de papéis, à taxa de 9,45% ao ano, mais a variação do IGP-M no período. Participantes do mercado disseram que tesourarias de bancos venderam moeda no mercado à vista para comprar esses títulos, por causa da atraente rentabilidade garantida e da confiança de que o futuro governo não dará calote nos credores.

A expectativa de continuidade de queda do dólar também fez exportadores se anteciparem na venda. Boa parte dessa oferta foi absorvida por importadores, que aproveitaram os preços mais baixos da moeda americana. No mês, o ganho acumulado pela moeda americana em relação ao real é de 1,06%, mas no ano a alta ainda é grande, de 64,08%.

A Bovespa mostrou vigor, resistindo às fortes quedas em Nova York. Enquanto o Dow Jones caiu 2,08% e a Nasdaq recuou 1 63%, o Ibovespa fechou em baixa de apenas 0,42%. O volume de negócios na Bovespa continua subindo e hoje ficou em R$ 994 milhões.

Boa parte deste voto de confiança do mercado está apoiada nas últimas declarações de Lula e de coordenadores de seu programa de governo, indicando que a austeridade fiscal norteará as ações do eventual governo do Partido dos Trabalhadores, até que, aos poucos, haja condições de se atender a outras demandas da sociedade.

A promessa de manutenção do “superávit primário necessário” é uma delas; outra, a de que os juros ainda serão altos até que a atual situação de crise possa ser contornada; e ainda a de que as promessas de campanha de vem ser cumpridas ao longo dos quatro anos de mandato e não necessariamente a partir de 1.º de janeiro.

 

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