Rio – O mercado de trabalho reagiu e fechou com bons resultados o ano de 2005. Houve queda na desocupação e aumento da formalidade e do rendimento médio dos trabalhadores nas seis principais regiões metropolitanas do País. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apurou uma taxa de desemprego de 8,3% em dezembro, a menor da série histórica iniciada em março de 2002. Na média do ano de 2005 a taxa caiu para 9,8%, inferior aos 11,5% registrados na média do ano anterior

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Ainda no ano passado, o rendimento médio real dos trabalhadores inverteu o sinal negativo que vinha apresentando há sete anos consecutivos – considerando também a série antiga da pesquisa mensal de emprego – e cresceu 2% ante 2004. Em dezembro, a forte queda da taxa de desemprego ante novembro (9,6%) ocorreu após seis meses de "engessamento" nesse indicador

O coordenador da pesquisa, Cimar Azeredo, explicou que a queda na taxa de dezembro para novembro foi provocada especialmente por motivos sazonais, mas salientou que é inquestionável a melhoria na qualidade do mercado de trabalho no período. Segundo ele, a redução na taxa resultou sobretudo da queda no número de desocupados (-13,6% ante novembro), já que o número de ocupados ficou praticamente estável, com aumento de apenas 0,5% em dezembro ante novembro, totalizando 20,23 milhões de pessoas

Como nas últimas duas semanas do ano muita gente deixa de procurar emprego e os desocupados são, no conceito da pesquisa, aqueles que estão desempregados mas procurando emprego, a queda nesse indicador está diretamente relacionada a sazonalidade do mês

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Por outro lado, Azeredo destacou que houve aumento no número de empregados com carteira assinada (2,0%), queda no número de ocupados sem carteira (-1,1%) e aumento do rendimento (2,0%) na comparação com novembro. Segundo ele, o pequeno aumento do número de ocupados foi influenciado especialmente pela contratação de empregados temporários no comércio, sobretudo em São Paulo

Para Guilherme Maia, da Tendências Consultoria, os dados do rendimento foram os mais positivos do mercado de trabalho em dezembro e na média de 2005. Em dezembro, houve aumento na renda média real de 1,8% ante novembro e uma variação, recorde na nova pesquisa, de 5,8% ante dezembro do ano passado. Nas suas contas a massa salarial (renda multiplicada pelo número de ocupados) cresceu 5% no ano passado ante o ano anterior, o que contribuirá para impulsionar a economia brasileira em 2006, a partir da expansão da demanda interna

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Marcelo de Ávila, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), considera os dados do emprego "surpreendentemente bons". "Tudo indica que teremos no início deste ano uma taxa de um dígito, o que há um mês era inimaginável." Para ele, a qualidade do mercado de trabalho cresceu no ano passado

Apesar dos dados positivos e comemorados pelos analistas de mercado, Azeredo alertou que as fortes influências sazonais sobre o mês de dezembro e o primeiro bimestre deste ano exigirão aguardar até o mês de março para checar se essa melhoria da qualidade do mercado de trabalho se tornará efetiva. "Precisamos esperar para ver se o soluço do final do ano vai se transformar em fôlego ou se vai parar por aí", disse

Qualidade

Ele salientou que, assim como em dezembro, na média de 2005 o mercado de trabalho foi marcado por queda na população desocupada, taxa de desocupação em queda ante o ano anterior e aumento da população ocupada acompanhado de crescimento do emprego e da renda

Ele observou que houve "uma melhora efetiva" dos indicadores se comparados a 2003 e 2004, especialmente no que diz respeito a qualidade do mercado de trabalho. O número de ocupados com carteira assinada aumentou 5,6% no ano ante o ano anterior, ante um aumento de 2% registrado em 2004 ante 2003. Por outro lado, o emprego informal mostrou forte perda de ritmo. Enquanto em 2004 o número de empregados sem carteira tinha crescido 6,9% ante o ano anterior, em 2005 ante 2004 o aumento foi bem menor, de 0 3%

Além disso, o número de ocupados por conta própria – também considerados informais pelo IBGE – que tinha crescido 4,9% em 2004 ante 2003, registrou queda de 1,8% em 2005 ante o ano anterior.