O novo ano, que começa hoje, chega carregado de projeções positivas em relação à tendência do mercado de ações. Alimentam o otimismo de especialistas, principalmente, a perspectiva de redução dos juros básicos e a continuidade de ingresso de capital estrangeiro para a compra de ações brasileiras, consideradas ainda baratas.
"A Bolsa poderá fechar o ano com valorização em torno de 30%, aproximadamente o dobro do juro do CDI", comenta o analista de investimentos Eduardo Santalúcia. As premissas básicas que dariam respaldo a esse desempenho, aponta, seriam a manutenção da atual política econômica, a perspectiva de corte dos juros, crescimento da economia acima de 4% e continuidade de liquidez externa. "Nesse cenário, o investidor não pode deixar de ter uma parcela de recursos aplicada em renda variável para obter uma rentabilidade maior." Essa fatia seria de 15% do capital para uma carteira moderada e de até 35% para investidores de perfil mais agressivo.
O vice-presidente sênior de Fundos de Investimento do banco WestLB do Brasil, Mário Carvalho, também acredita que a alta da Bolsa seja pelo menos o dobro da variação do juro médio do CDI, estimado por ele em 16,50%. "O cenário é bastante favorável para as ações." Ele diz que o País vem colhendo os frutos de uma política conservadora que vem dando resultados, como o controle da inflação, a virtual eliminação da dívida cambial, quitação de dívida com o FMI. "Além disso, o preço das ações brasileiras está defasado em relação ao de outros mercados emergentes, o que abre também uma perspectiva de valorização maior."
"O mercado tem potencial de alta, mas que diminui à medida que as ações vão subindo", pondera o consultor de investimentos Fabio Colombo. Ele lembra que este é um ano de eleição, evento que pode afetar o desempenho da Bolsa. O prognóstico de Colombo é que, em um otimismo moderado, a Bolsa poderia chegar aos 39 mil pontos ao fim de 2006, emparelhada com a variação do juro do CDI. O Índice Bovespa (Ibovespa), que mede a variação de 57 principais papéis do mercado, fechou 2005 em 33.456 pontos.
Santalúcia comenta que a eleição vai criar nervosismo, com oscilações mais acentuadas da Bolsa. "O mercado deve ser positivo nos dois primeiros meses do ano, quando o Ibovespa deverá buscar os 38 mil pontos", prevê. "Vai haver muita volatilidade nos mercados por causa das eleições, a Bolsa vai passar por estresses, mas o cenário macroeconômico positivo deverá prevalecer sobre as incertezas políticas", avalia Carvalho, do WestLB Brasil.