Mercado prevê queda de 0,50 ponto porcentual na Selic

Brasília – O mercado financeiro aposta que o Banco Central (BC) será mais conservador e cortará a taxa de juros em 0,5 ponto porcentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 30 e 31. É o que revela a pesquisa Focus, feita pelo BC, onde são ouvidas mais de 100 instituições financeiras. Até a semana passada, a maioria dos analistas ainda acreditava num corte de 0,75 ponto porcentual. Confirmada a previsão de corte menor, a taxa recuaria dos atuais 15,75% e iria para 15,25% ao ano, o menor juro registrado desde fevereiro de 2001. Logo depois, os juros seriam novamente cortados em 0,50 ponto porcentual em julho. A partir daí, as quedas teriam nova desaceleração e passariam a recuar apenas 0,25 ponto porcentual por reunião até chegar em 14% no final do ano.

A cautela, na opinião de alguns economistas, pode ser explicada. "É natural que haja um reforço da cautela quando os juros começam a atingir níveis historicamente baixos", disse o operador de um banco. Caso recue para 15% no final do mês, a taxa já atingiria em junho o seu menor nível desde a década de 70, quando ainda nem existia o Copom.

Para o mercado, a marca dos 15% só será ultrapassada em julho, quando a taxa poderá chegar aos 14,75% ao ano se houver novo corte de 0,50 ponto porcentual dos juros. A mudança de perspectiva não chegou a surpreender a economista-chefe do BES Investimento, Sandra Utsumi. "Já havia apostas no mercado de queda dos juros de apenas 0,50 ponto porcentual na próxima reunião do Copom", disse. O mais importante, para a economista, é que as estimativas de juros para o final do ano foram mantidas em 14%. "Temos apenas uma readequação das previsões de juros para as demais reuniões do ano", comentou.

As previsões de mercado para a inflação, enquanto isso, continuaram comportadas. Para este ano, as estimativas caíram pela sexta vez consecutiva e recuaram de 4,36% para 4,33%. "O espaço para novas queda no curto prazo será menor", disse a economista do BES Investimento. Para ela, os temores de uma possível alta dos preços no curto prazo deverão adiar para o segundo semestre uma nova rodada de quedas mais significativas das projeções de IPCA para este ano. "A nossa expectativa é que a inflação feche o ano em 4,09%", disse.

Para o próximo ano, as previsões de inflação continuaram estáveis em 4,50%. Longe de preocupar, o porcentual corresponde exatamente ao centro da meta de inflação fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2007. Para Utsumi, a inflação do próximo ano deverá ficar em 4,40%. "É um porcentual muito próximo dos 4,50% projetados na pesquisa do BC", disse. Neste cenário, a taxa de juros poderia recuar 1 ponto porcentual no próximo ano e ficar em 13%, porcentual que embute uma taxa real (descontada a inflação) de aproximadamente 8%.

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