Pela primeira vez, este ano, a expectativa do mercado em relação à inflação fica abaixo dos dois dígitos. Relatório divulgado hoje cedo pelo Banco Central, o Boletim Focus, estima que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado pelo governo para balizar as metas de inflação, deve ficar em 9,93% — bem abaixo da projeção inflacionária do início do ano, que chegou a 11,23% (Boletim Focus de 10/01); mas, ainda, acima da meta de inflação de 8,5% negociada com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A projeção para o ano que vem mantém-se inalterada, em 6,5% para o IPCA.
O relatório do BC é atualizado todas as semanas, depois de ouvir os principais consultores financeiros do país, e, de acordo com o consenso do mercado, os indicadores de inflação do IBGE e da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica da Universidade de São Paulo (Fipe/USP) vêm apontando queda constante da inflação desde maio. Há quatro semanas, as projeções indicavam 10,81% para a inflação de 2003, e descia a 10,02% na semana passada, enquanto o IPC estimava 9,63% há um mês, e agora reduz mais ainda, para 8,6%. Os demais indicadores de inflação se mantêm no intervalo de 8,26% (IGP-DI) e 8,82% (IGP-M), e estimam queda gradativa da inflação há 18 semanas.
Esse comportamento também reflete na estimativa de reajustes dos preços administrados dos serviços públicos, que caiu de 14,6%, no mês passado, para os atuais 13,6%, considerando a taxa básica de juros em 20% no encerramento do ano, quando a taxa de câmbio também deve permanecer em R$ 3,15 por dólar norte-americano, segundo a pesquisa. Projeção que chegou a R$ 3,70 no início do Governo Lula, em relação a 2003, com perspectiva de fechar 2004 com valorização de R$ 3,80. Houve redução nas duas estimativas e o câmbio previsto para 2004 desce a R$ 3,33.
Também é boa a projeção em relação à balança comercial, cuja estimativa de superávit anual sobe mais um pouco: de US$ 17,50 bilhões, na semana passada, para US$ 17,70 bilhões – crescimento gradativo de US$ 2,2 bilhões sobre a projeção de saldo realizada em janeiro deste ano. A notícia também é positiva quanto à expectativa de déficit em conta corrente, que caiu mais esta semana, de US$ 2,85 bilhões para US$ 2,70 bilhões, Melhor, portanto, que a projeção do início do ano, que apontava para déficit de US$ 5,90 bilhões.
Em contrapartida, porém, o Boletim Focus sugere que a dívida líquida do setor público cresça. Deve fechar o ano com equivalência de 54,95% do Produto Interno Bruto (PIB), contra 54,90% da semana passada e 54,70% há um mês. Resultado da queda projetada para crescimento do próprio PIB, que era de 1,96% no início do ano, caiu para 1,56% na semana passada, e agora situa-se em 1,50%, embora a projeção de crescimento para 2004 permaneça em 3%.
As previsões para o fluxo líquido de investimento estrangeiro direto também estão na contramão. O Banco Central estimava a entrada, este ano, de US$ 13 bilhões, e mais US$ 15 bilhões em 2004. Mas, essas estimativas caem, agora, para US$ 8,5 bilhões em 2003 e US$ 12 bilhões em 2004.
Mercado prevê inflação de 9,93% em 2003
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