Com expectativas negativas sobre a evolução da inflação, o mercado financeiro aumentou para 8,42% a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2002. A estimativa foi captada pelo Banco Central, na semana passada, na pesquisa semanal que realiza entre instituições financeiras e empresas de consultoria. Na semana anterior, o mercado acreditava que o IPCA deste ano ficaria em 8,07%.
No mesmo levantamento, o BC constatou que a estimativa média do mercado para o IPCA de 2003 subiu de 7,10% para 8,20%, ficando ainda mais distante do teto de 6,5% fixado pelo governo para o ano que vem. A projeção para o IPCA de outubro e novembro deste ano foram elevadas de 0,88% para 0,98% e de 0,80% para 0 90%, respectivamente.
Boa parte desses dados foi colhida ao longo da semana passada, antes, portanto, do forte aumento dos combustíveis anunciado na sexta-feira pela Petrobras. No entanto, é possível que o reajuste dos derivados já tenha sido embutida nas previsões, uma vez que as instituições normalmente incluem nos seus cálculos estimativas sobre a variação dos preços de produtos com grande peso nos índices de inflação.
O mercado reajustou também sua previsão para o saldo da balança comercial, mas nesse caso para melhor. No último levantamento, a estimativa de superávit da balança para 2002 subiu de US$ 10,5 bilhões para US$ 11,3 bilhões, ficando já acima da projeção oficial, de US$ 11 bilhões. A estimativa para 2003 subiu de US$ 13 bilhões para US$ 15 bilhões, alcançando o mesmo valor da projeção divulgada pelo BC no dia 24 de outubro.
Com a melhora na conta de comércio exterior, também ficaram mais favoráveis as previsões para o déficit em conta corrente (balança comercial mais serviços). O mercado aposta agora em um déficit de US$ 11,85 bilhões em 2002, valor bastante próximo à estimativa do BC. Na semana anterior, a projeção estava em US$ 13 bilhões de déficit. Para 2003, a previsão do mercado caiu de US$ 10 bilhões para US$ 9 bilhões.
Permaneceu estável – em R$ 3,50 por dólar – a previsão do mercado para a taxa de câmbio no fim deste ano. Para o fim de 2003, as instituições aumentaram sua estimativa de R$ 3,50 para R$ 3,55. Também ficaram inalteradas as previsões para a taxa Selic no fim de 2002 e de 2003, em 21% e 17%, respectivamente.
Já em relação ao ritmo da atividade econômica, o sentimento do mercado continua negativo. As instituições calculam que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá neste ano apenas 1,20%. Na semana anterior, acreditava-se em uma taxa de 1 25%. Para 2003, a estimativa recuou de 2,10% para 2,00%.