Brasília – A pesquisa semanal de mercado feita pelo Banco Central (BC) constatou que as instituições financeiras passaram a trabalhar com uma previsão de queda mais lenta das taxas de juros a partir de julho. A mudança foi motivada pela ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na semana passada, que foi considerada conservadora.
No novo cenário detectado pela pesquisa, as instituições continuam projetando um novo corte de 0,75 ponto porcentual na Taxa Selic na reunião do Copom no final deste mês. A taxa, com isso, cairia dos atuais 15,75% para 15%. Mas as quedas seriam de apenas 0,25 ponto porcentual a partir da reunião de julho, terminando o ano em 14%. O economista do grupo de conjuntura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Thadeu Filho, disse trabalhar com cenário diferente para a trajetória de juros. "Teremos mais uma queda de 0,75 ponto porcentual no final do mês de outras duas de 0,50 ponto porcentual em julho e agosto", disse.
A taxa, pela hipótese montada pelo economista, chegaria aos 14% já em agosto e terminaria o ano neste mesmo nível. "Depois disto só voltaremos a ter uma queda de juros no segundo semestre de 2007", disse. Apesar de também trabalhar com uma previsão de juros de 14% para o fim do ano, a economista da Consultoria Tendência, Marcela Prada, acha que será possível ter dois cortes de 0,25 ponto porcentual nos meses de agosto e outubro. Na pesquisa divulgada hoje, o mercado financeiro reduziu mais uma vez a projeção para o IPCA neste ano. A estimativa caiu de 4,42% para 4,36%, ficando mais abaixo ainda da meta oficial de 4,5%. "Ainda temos uma situação confortável para os preços", disse Marcela Prada. Para ela, esse cenário se manterá em 2007.
Thadeu Filho, no entanto, acha que o comportamento dos preços no próximo ano não será tão favorável como em 2006. "Fatores pontuais que contribuíram para o bom comportamento dos preços neste deverão deixar de aparecer no próximo ano", disse. Para ele, o IPCA poderá fechar o próximo ano em 5,2%, porcentual maior que a meta central de 4,5% já fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).