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Pesquisa realizada pelo Instituto Gartner, instituição norte-americana dedicada a fazer análises periódicas do mercado mundial de softwares para tecnologia da informação do serviço financeiro, assinala que o negócio atingiu US$ 700 bilhões no ano passado. Bolo saboreado por um grupo ainda restrito de empresas do setor. É o que diz um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas de Economia Aplicada (Ipea), instituição ligada ao Ministério do Planejamento.

Um dos recheios do bolo é definido pela expressão inglesa outsourcing offshoring, como a maioria dos termos utilizados no cotidiano desse importante segmento da prestação de serviços tecnológicos. A expressão é o equivalente de mercado mundial de terceirização de serviços de tecnologia da informação, onde pululam gigantes do porte da IBM, EDS, HP, Accenture e outras multinacionais americanas, européias e japonesas, embora sejam visíveis as bem direcionadas mordidas aplicadas por empresas indianas, Tata, Infosys e Wipro, entre outras, cada uma faturando, por baixo, um bilhão de dólares por ano.

Segundo os analistas de mercado, o bolo deve crescer ainda mais, havendo espaço para muitos outros comensais, na medida do refinamento de sua competência profissional, capacidade de detectar e fechar negócios e, acima de tudo, competitividade comprovada. Quem está precisando adquirir serviços dessa especificidade, é bom lembrar, trabalha com informações minuciosas e só escolhe produtos com a marca da excelência.

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A indústria brasileira de software para tecnologia da informação tem muito a avançar e pode fazê-lo com vistas a conquistar parte desse imenso mercado, abrindo um campo novo – além do agronegócio – para carrear divisas e fazer crescer a economia interna.

Em 2004, segundo o Gartner, a terceirização de serviços de TI deve ter batido nos US$ 178 bilhões, devendo chegar a US$ 234 bilhões em 2008. O setor financeiro norte-americano (bancos e seguradoras) comprou serviços no valor de US$ 4,8 bilhões no ano passado, e a previsão para 2006 é de US$ 7,5 bilhões.

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É para esse verdadeiro manjar que a atenção dos empresários brasileiros do ramo deve se dirigir, apesar da cerrada competição já oferecida por empresas da China, Israel, América Latina e Leste Europeu. A análise do Ipea aponta no setor um extraordinário potencial de faturamento para empresas nacionais. Para que isso aconteça na medida ideal, entrementes, os empresários do setor precisam investir em qualidade, desenvolvimento de métodos e criatividade.

Por enquanto, o setor de software para TI no Brasil é configurado por empresas bastante acanhadas em relação às estrangeiras, incluindo as localizadas na Índia, que desde 1990 organizou agressiva agência de promoção da indústria de software com o apoio do governo. O País fatura entre sete e oito bilhões de dólares anuais em vendas mundiais, segundo o Ipea, mas trabalha para elevar a cifra a US$ 50 bilhões nos próximos três anos. A Índia forma cerca de 100 mil engenheiros de software por ano, quase todos dominando o idioma inglês e recebendo salários muito inferiores em comparação com os Estados Unidos.

Para tornar-se competidor da Índia nesse campo promissor, o Brasil deve buscar sólida articulação entre governo e empresários, praticamente inexistente. Cerca de dez mil empresas atuam em software no País com um obstáculo comum: o pouco conhecimento dos mercados. Investir em treinamento específico para desbravar novos nichos, com base na oferta de excelência em serviços tecnológicos, é a única saída para assegurar o desenvolvimento do setor.

Mediante sua estrutura de apoio à ciência e tecnologia, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá prestado um extraordinário serviço, ombreando-se à iniciativa privada nas fases de formação de quadros, incentivo à pesquisa e prospecção de mercados cada vez mais abertos à terceirização dos serviços de tecnologia da informação.