Mercado eleva projeção para o balanço de pagamentos até 2010

Brasília – A decisão do Tesouro Nacional de recomprar até US$ 20 bilhões em títulos da dívida externa levou o mercado financeiro a melhorar suas projeções para o resultado da conta corrente do balanço de pagamentos até 2010. "É natural que isto ocorra porque a recompra produzirá uma redução das despesas com o pagamento de juros da dívida externa", explicou Sérgio Goldenstein, economista da Arx Capital.

De acordo com a pesquisa semanal feita pelo Banco Central (BC) entre instituições financeiras, a previsão de superávit em conta corrente para o próximo ano subiu US$ 4,50 bilhões para US$ 5,25 bilhões. Melhorou também a projeção de superávit para 2008 (de US$ 500 milhões para US$ 1 bilhão). O mercado manteve a expectativa de equilíbrio nas contas de 2009 e reduziu a previsão de déficit, em 2010, de US$ 2,24 bilhões para US$ 2 bilhões.

A projeção deste ano também melhorou – de US$ 8 para US$ 9 bilhões de superávit – mas o fato é atribuído pelos especialistas mais a um ajuste para cima nas previsões do saldo da balança comercial. O economista da empresa de consultoria Tendências, Guilherme Loureiro, ainda vê espaço para melhoras adicionais nas próximas semanas.

"Nem todos os participantes da pesquisa do Banco Central (BC) tiveram tempo para fazer os ajustes provocados pela recompra", disse. A estimativa, de acordo com Loureiro, é que a recompra venha a resultar numa redução anual de aproximadamente US$ 900 milhões dos gastos com o pagamento de juros da dívida externa. "Para este ano, o impacto não será muito grande. A melhora será melhor percebida de 2007 em diante", comentou. Para 2006, a previsão do BC é que as despesas totais com juros fiquem em US$ 14,8 bilhões.

A recompra dos títulos da dívida externa, segundo Loureiro, deverá ainda provocar aumento das captações externas do setor privado. "A melhora dos indicadores externos do País provocada por esta operação deverá resultar em condições mais favoráveis para as operações de empréstimo externo das empresas", disse.

Com isso, a taxa de rolagem desses empréstimos, de acordo com o economista, deverá aumentar para um nível próximo aos 80% já neste ano. Em conseqüência, a tendência de valorização do real frente ao dólar deverá se acentuar. "Trabalho com a perspectiva de o BC e o Tesouro Nacional comprarem toda a sobra de fluxo cambial deste ano", comentou Loureiro.

A pesquisa divulgada hoje pelo BC também registrou uma estabilidade da projeção do mercado para o IPCA deste ano, que ficou em 4,66%. A notícia foi bem recebida pelas mesas de operação do mercado, que esperavam uma elevação dessa estimativa em função da alta dos núcleos de inflação em janeiro. Para 2007, a estimativa de inflação também não se alterou e continuou em 4 50% pela 57ª semana consecutiva. Com isso, o mercado manteve a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) fará uma nova redução de 0,75 ponto porcentual na taxa Selic, na sua reunião de março.

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