Os microcomputadores prometem ser as estrelas do varejo neste Natal – como foram, em anos anteriores, o celular e o aparelho de DVD. A consultoria IT Data projeta que, este ano, o mercado brasileiro crescerá 47% sobre o ano anterior, alcançando a marca de 8,9 milhões de máquinas vendidas.
O mercado de portáteis irá dobrar, passando de 313 mil laptops comercializados em 2005 para 650 mil. Os principais motivos para o crescimento foram a redução de impostos federais, o câmbio favorável e um combate mais efetivo ao contrabando.
O mercado em expansão atrai novos jogadores. A CCE, que começou a fabricar computadores em março deste ano, conquistou o segundo lugar, com uma estratégia focada no varejo. A Gradiente planeja voltar ao mercado. "Com a perspectiva de serem vendidos neste ano quase 9 milhões de unidades, o mercado começa a ser interessante", disse Eugênio Staub Filho, vice-presidente da Gradiente, que traça planos de médio prazo.
A Positivo Informática, de Curitiba, é a maior fabricante brasileira de computadores. A empresa planeja abertura de capital no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo em 11 de dezembro.
"Temos capacidade de produzir entre 4 mil e 5 mil máquinas por dia", disse Erlei Guimarães, diretor da Divisão de Conectividade da Positivo Informática. A empresa se cadastrou, na semana passada, no Fórum do Sistema Brasileiro de Televisão Digital, inicialmente como companhia de software.
A Positivo não descarta, no entanto, a fabricação de conversores equipamentos que transformam o sinal digital em analógico, para que possa ser visto nos televisores atuais. "É praticamente um computador", disse Guimarães.
"O mercado passa por um momento muito interessante", disse Gilberto Marangão, gerente de Marketing e Desenvolvimento de Negócios da Divisão de Informática da CCE. "Está extremamente aquecido, com exceção do mercado de governo, o que é esperado em um ano eleitoral. O varejo explodiu e o mercado corporativo acompanhou.
Em outubro, a CCE produziu 37 mil máquinas. "Podemos dobrar a capacidade de produção", disse Marangão. A meta de produção para este ano é de 200 mil máquinas. "Mas certamente vamos ultrapassar." A CCE aproveitou o seu relacionamento com o varejo em eletrônicos de consumo para vender seus computadores. Entre 30% e 40% dos 5 mil clientes da empresa já vendem seus PCs. "Temos uma presença forte no interior, até para fugir da concorrência pesada que existe nos grandes varejistas".
A queda nos preços tem conseguido incluir consumidores de baixa renda, que até então não tinham acesso à tecnologia. "O primeiro computador responde por 70% do que vende o grande varejo", afirmou o gerente da CCE. A empresa acaba de lançar seus dois primeiros modelos de notebooks e, ano que vem, lançará servidores, para o mercado corporativo.
A demanda local está tão forte que a Intel, maior fabricante de semicondutores do mundo, admite que teve dificuldades para atendê-la. O período mais difícil foi D.
meados de 2005 até o início deste ano. Segundo o presidente da Intel Brasil, Oscar Clarke, a solução foi convencer a matriz americana da necessidade de reforçar a produção de processadores de menor valor agregado, já que a empresa está apostando suas fichas na produção do seu novo processador Core 2 Duo, de alto desempenho. "Não foi fácil convencer a matriz de que era interessante como negócio aumentar a produção de chips de menor valor, como os Celeron, usados nos computadores populares.
A empresa projeta que 2007 será ano recorde no segmento de PCs, com a expectativa de vendas de 9 milhões de computadores sendo um milhão de notebooks. "O Natal de 2007 será do notebook e já estamos nos preparando para isso", disse Clarke.