Mercado derruba os juros e agora só falta o Banco Central

Os juros reais brasileiros determinados no mercado já iniciaram um processo de queda acentuada, que pode levar a uma redução mais acelerada nos próximos meses da Selic, a taxa básica fixada pelo Banco Central (BC). O principal referencial de juro de mercado, os chamados ?swaps? de um ano, tiveram uma redução em suas taxas reais de 11%, em janeiro de 2006, para o nível atual de 7,2%.

A taxa real desconta dos juros de um ano (que fecharam na sexta-feira em 10,95%) a inflação projetada para os próximos 12 meses. O swap é a taxa nas transações entre bancos e grandes empresas e investidores, e por isso é o mais baixo dos juros de mercado, acima do qual todos os outros se movem.

O juro real do swap de 360 dias em quase 7% é algo inédito no período posterior ao Plano Real. Desde que a hiperinflação foi debelada em 1994, o juro real brasileiro de mercado permaneceu quase o tempo todo acima de 10%. Ficou um longo período acima de 12%, chegou a atingir picos acima de 20%, e apenas em raros e rápidos momentos aproximou-se de 9%.

?O mercado antecipa as tendências, e a minha sensação é de que o Brasil já está vivendo como se tivesse o ?grau de investimento?, o que explica essa despencada do juro real?, diz Armando Castelar, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O grau de investimento é o nível de classificação dos países, pelas agências internacionais de rating , a partir do qual eles não são mais considerados de risco especulativo. Nas últimas semanas, em meio à euforia que tomou conta da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e à avalanche de dólares que criou uma pressão irresistível de valorização do real, duas agências de rating, a Fitch e a Standard & Poor?s, promoveram a classificação brasileira para um degrau apenas abaixo do grau de investimento.

Castelar explica que países como o México e a Polônia experimentaram fortes acelerações na queda do juro real à medida que a conquista do grau de investimento se tornava iminente. ?Não é um processo linear, começa caindo muito pouco e de repente cai muito rápido.?

Copom

O ritmo de queda dos juros reais de mercado no Brasil pegou a maior parte dos analistas de surpresa, e deixou o BC numa situação difícil. Agora, o Comitê de Política Monetária (Copom) terá de decidir se sanciona ou não, por meio de cortes mais acelerados da Selic, a onda de otimismo que tomou conta do mercado financeiro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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