Mercado aguarda relatório com projeções do BC para a inflação em 2006

São Paulo – O olhar do mercado financeiro, nesta semana que fecha o ano, estará voltado para o relatório de inflação referente ao último trimestre cuja data de divulgação será definida amanhã (26) pelo Banco Central. É forte a expectativa pelo relatório que conterá as projeções do BC para a inflação e o crescimento econômico em 2006, porque é com base nelas que o mercado vai elaborar as estimativas para a trajetória do juro básico no novo ano.

A inflação projetada para 2006 pelo relatório de inflação do trimestre anterior estava em 3,5% – portanto, um ponto porcentual inferior à meta de 4,50% traçada para o IPCA no ano que vem. Quanto mais a estimativa de inflação do BC estiver abaixo da meta, maior será o espaço para a redução dos juros, avalia Alexandre Lintz, estrategista-chefe do banco BNP Paribas Brasil.

Outra variável importante contida no relatório, além da projeção de inflação, é a estimativa de variação do Produto Interno Bruto (PIB). A última indicação, embutida no relatório anterior, previa um crescimento econômico de 3,4%, mas o mercado já aposta em avanço mais lento, por causa do freio imposto à economia pelas elevadas taxas de juro. A idéia é que uma perda do ritmo de atividade também contribua para o afrouxamento da política monetária.

Uma estimativa do mercado para os principais indicadores macroeconômicos, para este e o próximo ano, estará estampada no último relatório Focus que o BC divulga amanhã. Os números devem vir bons, o mercado deve revisar a inflação de 2006 para baixo.

Em semana com agenda fraca de indicadores, Lintz aponta como destaque a inflação de dezembro pelo IGP-M, que será conhecida na quinta-feira e projetada por ele como deflação de 0,08%. A volta do IGP-M ao terreno negativo, depois de dois meses de variação positiva, está ligada à forte queda dos preços ao atacado, comenta o estrategista do Paribas Brasil. Ele lembra, no entanto, que os preços das commodities, principalmente metais estão em alta no exterior, e a menos que o dólar recue, poderão redundar em pressão nos preços do atacado.

Lintz diz também que na semana de poucos negócios em todos os mercados por estar espremida entre o Natal e o Ano Novo o mercado não disfarça certa ansiedade com a estratégia de atuação do BC no câmbio. "O mercado quer saber o que o Banco Central vai fazer na semana de baixa liquidez no câmbio." O interesse se justifica porque os investidores estão convencidos de que sem a participação do BC na oferta de contratos de swap cambial reverso, as cotações do dólar tendem a persistente declínio.

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