O senador Aloizio Mercadante (PT-SP)informou que sugeriu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que se empenhe pessoalmente na conquista do apoio da oposição para aprovar um agenda política voltada para o crescimento econômico do País. "É preciso descer do palanque e construir uma agenda positiva", disse o senador, ao defender o estabelecimento de um canal de comunicação de Lula e dos ministros não só com líderes partidários, mas também individualmente com setores da oposição. "Não haverá uma agenda legislativa verdadeiramente transformadora e favorável ao crescimento sem a participação da oposição", enfatizou o senador.
Mercadante lembrou a experiência de 2003 e 2004, quando governo e oposição conseguiram aprovar matérias importantes para o País. Ele chamou atenção de Lula para a necessidade de um esforço maior no Senado, onde as conversas são conduzidas em outro patamar. Muitos dos interlocutores no Senado já ocuparam postos no Executivo, como governos estaduais e ministérios. Além disso, o PMDB, o maior partido, tem uma bancada expressiva de senadores que divergem do Planalto. Ninguém sabe, por exemplo, como vão se comportar os senadores eleitos Jarbas Vasconcelos (PE) e Joaquim Roriz (DF), ambos do PMDB.
Na avaliação de Mercadante, é preciso restaurar no Senado o ambiente político dos dois primeiros anos do governo Lula. Por isso, ele acha que Lula precisa investir na ação parlamentar. O senador petista, que não deve ocupar cargo no governo e nem reassumir o posto de líder no Senado, estará agora empenhado no debate de propostas para o crescimento econômico. Hoje, em conversa com jornalistas, Mercadante defendeu a tese de que a posse de Lula se dê em duas etapas. No dia primeiro de janeiro, seria realizado um ato jurídico; no dia 7 de janeiro, a posse teria caráter mais político, com a presença de chefes de Estados e outros convidados. Desse modo, Lula também ganharia um prazo maior para costurar as conversas políticas e montar o seu novo governo.