O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), cobrou do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, uma explicação sobre a redução do ritmo de cortes de juros decidida na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). "Há espaço para uma queda acentuada dos juros. Não há argumento que justifique a desaceleração do ritmo de cortes", afirmou Mercadante.

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Na reunião de 23 e 24 de janeiro deste ano, o Copom reduziu a taxa Selic (juro básico da economia brasileira) em 0,25 ponto porcentual, para 13% ao ano. Nas reuniões anteriores, durante o ano passado, o Copom vinha reduzindo os juros em 0,50 ponto porcentual a cada encontro.

Durante sua exposição hoje na CAE, o senador lembrou que a inflação do Brasil está abaixo dos níveis verificados em outros países emergentes. De acordo com Mercadante, a inflação brasileiras tem permanecido persistentemente abaixo da meta por 10 meses seguidos. Ele também lembrou que as expectativas de mercado para o comportamento da inflação deste ano e dos próximos seguem abaixo da meta já há 9 meses.

Mercadante destacou que o IPCA de 3,14%, em 2006, ficou cerca de 30% abaixo da meta de inflação de 4,5%. Segundo Mercadante, isso poderia ser usado para justificar uma desaceleração da queda dos juros, mas seria o mesmo que o Banco Central ter uma meta implícita de inflação. "Se isso estiver ocorrendo, é grave, uma vez que a meta de inflação é estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) de forma transparente", disse Mercadante.

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O presidente da CAE também salientou em sua exposição que a trajetória da taxa de juros tem forte impacto sobre o crescimento econômico, o desempenho das contas públicas e de forma indireta sobre a própria taxa de câmbio

Nesse sentido, Mercadante afirmou que a taxa de juros real no Brasil ainda é muito elevada. "Independentemente do critério que usamos, se é ex-ante ou ex-post, temos uma taxa real muito elevada", afirmou. Na opinião do parlamentar, isso favorece movimentos de arbitragem com o diferencial dos juros internos e externos.

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Mercadante também lembrou que o próprio Tesouro Nacional está conseguindo emitir títulos no exterior com prazos longos a taxa de juros menores que a Selic. Ele destacou que neste mês, o Tesouro conseguiu captar cerca de R$ 1,5 bilhão com a emissão de um título de 20 anos pagando juros de 10,6% ao ano.

Apesar da cobrança, o senador petista enfatizou que considera bem-sucedido o sistema de metas de inflação adotado em conjunto com o câmbio flutuante e a autonomia do Banco Central. "Não se trata de questionar o sistema de metas de inflação. Não é isso", disse Mercadante. Ele também enfatizou que não pleiteia uma inflação mais elevada.