Em depoimento no Conselho de Ética da Câmara, o deputado José Mentor (PT-SP) negou qualquer envolvimento com o esquema de caixa 2 montado pelo empresário Marcos Valério de Souza e pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Mentor reafirmou que recebeu R$ 120 mil em dois cheques, um de um sócio de Marcos Valério e outro da empresa 2S, como pagamento de um serviço prestado por seu escritório de advocacia.
"Não pode ser caixa 2 se o dinheiro tem origem e destino conhecidos e se foi recolhido imposto sobre o pagamento. Isto é caixa 1", disse Mentor, que usou uma hora e quinze minutos para apresentar sua defesa. Acompanham o depoimento a mãe, o irmão, a mulher e a filha do deputado.
Mentor negou também que tenha beneficiado o Banco Rural no relatório final da CPI do Banestado, da qual foi relator. Segundo o deputado, a CPI foi encerrada sem uma conclusão porque houve "muita resistência" à investigação sobre as circunstâncias da venda do Banco Econômico para o Banco Bilbao Vizcaya.
Mentor disse que sua relação com Marcos Valério ocorreu em 2003, durante preparativos para a campanha de 2004, mas que acabou não fechando contratos com as agências do empresário para fazer campanha em cinco cidades do interior de São Paulo onde tem maior atuação política. "É verdade que fiz alguns telefonemas e me reuni algumas vezes com Marcos Valério, mas não foram nem centenas nem milhares", disse.
Mentor agora responderá às perguntas do relator do processo, deputado Edmar Moreira (PFL-MG), e dos outros integrantes do conselho. Alguns deputados petistas estiveram na sessão do Conselho de Ética para cumprimentar e acompanhar parte do depoimento de Mentor, como Professor Luizinho (SP), que também responde a processo por suspeita de envolvimento no esquema do "valerioduto".