Os reajustes das mensalidades escolares impediram a queda da inflação medida
pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em fevereiro ante janeiro. A
taxa ficou em 0,59%, praticamente igual aos 0,58% de janeiro, mas quase a metade
desse total, ou 0,25 ponto porcentual, é por conta do grupo educação. Sem esta
contribuição, o IPCA do mês não ultrapassaria 0,34%. Por outro lado, itens
importantes nas despesas das famílias mostraram deflação.

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A taxa mensal
veio dentro das estimativas do mercado financeiro (0,54% a 0,67%) e era a
informação que faltava para definição das projeções sobre a decisão a ser tomada
pelo Conselho de Política Monetária (Copom) em relação à taxa básica de juros
(Selic) na reunião da próxima semana. O IPCA é usado como referência para a meta
de inflação do governo (5,1% em 2005) e acumulou no primeiro bimestre do ano
alta de 1,17% e em 12 meses, de 7,39%.

A maior parte das apostas na Selic
consolidaram-se em torno de uma elevação de 0,50 ponto porcentual (de atuais
18,75% para 19,25%), mas boa parte dos analistas de mercado também aposta em um
aumento mais brando, para 19%. Enquanto os palpites sobre o futuro dos juros
ganharam força ontem, a gerente do Sistema de Índices de Preços do IBGE, Eulina
Nunes dos Santos, destacava as "quedas significativas" apuradas no IPCA de
fevereiro.

Ela sublinhou que, a despeito das taxas similares, o
comportamento da inflação em fevereiro foi bem diferente do apresentado em
janeiro. Eulina explicou que, enquanto em janeiro vários itens mostravam
tendência de alta de preços, em fevereiro a inflação esteve praticamente
concentrada no grupo educação, que contribuiu sozinho com 42% da taxa. "Se não
fossem os colégios, o índice estaria mostrando tendência clara de
queda.

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Vários itens alimentícios mostraram queda, assim como o vestuário
e combustíveis e em geral a taxa de inflação dos preços livres mostrou quedas
significativas, disse." Houve deflação em produtos com forte peso no IPCA, como
álcool (-1 44%), gás de cozinha (-1,06%) e gasolina (-0,79%), além das tarifas
de ônibus urbanos (-0,37%), que caíram por causa de promoção aos domingos em
Curitiba. Os alimentos, ainda que tenham registrado inflação de 0,49%,
desaceleraram em relação a janeiro (0,78%), com a contribuição de produtos como
açúcar refinado (-3,06%), arroz (-2,68%) e carnes (-1,45%).