O desfecho não inteiramente desconectado da realidade amparada na legislação eleitoral, ao que parece não avaliado nos limites da lógica pelos avatares da coligação PSDB-PMDB, fez com que a seção paranaense do antigo partido da redemocratização lavasse em público seus vergões, discutindo com certo ar de afasia o preenchimento da vaga de vice-governador e, numa manobra diversionista posto que ferreteada pela inocuidade, ensaiasse o lançamento de concorrente à cadeira em disputa no Senado.
A primeira hipótese tornou-se factível com o não-reconhecimento pelo Tribunal Regional Eleitoral da chapa Requião-Hermas, reforçada pela ordem de retirada imediata das ruas de quaisquer resquícios de propaganda porventura ainda utilizada, com o fito de impedir que o eleitor fosse induzido a achar que nada mudou no quartel de Abrantes.
Tendo em vista a impossibilidade da candidatura a vice-governador do deputado Hermas Brandão, selando um acordo de coxia não necessariamente benzido pela unanimidade do ninho tucano, a saída foi deixar o bastão nas mãos do vice-governador Orlando Pessuti. Este, mirando-se na benevolente paciência dos patriarcas bíblicos, permaneceu impassível e íntegro ante o açodamento cobiçoso com que se conduziu o processo, indo meditar uns dias no retiro paradisíaco de Fernando de Noronha. Nem bem chegou, os trânsfugas da natimorta operação de soldagem entre grupos antípodas da política local bateram à sua porta com a bandeira branca.
Anunciou-se a concordância de Pessuti com a repetição da chapa de 2002, ao mesmo tempo que se abria a discussão sobre o novo destinatário da vaga de conselheiro do Tribunal de Contas, para a qual o vice-governador fora indicado pela Assembléia Legislativa. Trata-se de valiosa carta na manga dos candidatos peemedebistas, enfim, a mais almejada moeda de troca da praça, que ainda dará o que falar.
No embalo, passou a circular o novo desenho proposto pela arquitetura política ainda aturdida pelo golpe que não poderia ser outro, conquanto menoscabado pela sapiência dos exegetas da legislação eleitoral, aludindo a possibilidade do PMDB ainda lançar candidato ao Senado. É uma tentativa de continuar resistindo, mesmo frente o peremptório dispositivo do encerramento do prazo, no último dia 2, para a inscrição de candidaturas.
Como não houve renúncia ou morte de ninguém, diz-se que tal conjectura não tem como se tornar realidade, apesar de o candidato já estar anunciado, o ex-secretário Aldo Parzianello, aliás, preterido na relação de candidatos a deputado. Advogados do partido estariam buscando encontrar uma brecha para introduzir a cunha da candidatura própria ao Senado, embora a maioria dos especialistas em legislação eleitoral doutrine que o esforço dificilmente será bem-sucedido.
O primeiro dia da propaganda eleitoral chegou e o PMDB mal sabia os nomes de seus principais candidatos, arcando com as conseqüências advindas do planejamento mambembe. Por seu turno, o PSDB também pagou um preço amargo, pois acabou incorporando a seu passivo a parte mais onerosa das avarias, obrigando-se a restringir sua participação às eleições proporcionais. Os tucanos não abatidos em vôo passam a guardar posição para o prefeito Beto Richa em 2010. Se até lá o ninho não despencar de vez…