Menos de um terço dos convidados compareceu ontem ao Congresso para prestigiar a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dos 1.300 convites enviados, foi registrada a presença de apenas 400 pessoas nas portarias. O número de parlamentares na solenidade – em torno de 210, sendo 22 senadores – não alcançou nem mesmo a metade do total dos 594 congressistas. Pelo menos 22 ministros foram à posse de Lula na Câmara.
Em todos os acessos do Congresso, o cerimonial preparou um esquema capaz de atender a todos os convidados, com recepcionistas e identificadores dos códigos de barra dos convites. Os preparativos, porém, superaram em muito a demanda real. A portaria mais próxima do Palácio do Planalto, por exemplo, registrou somente a entrada de 16 convidados.
De acordo com o cerimonial, seis governadores estiveram presentes à solenidade da posse de Lula: Sérgio Cabral Filho (PMDB), do Rio; Cid Gomes (PSB), Ceará; Marcelo Miranda (PMDB), Tocantins; Wellington Dias (PT), Piauí; Binho Marques (PT), Acre; e Waldez Góes (PDT), do Amapá.
Os convidados
Para se desvencilhar das lembranças que viraram referências de seus últimos quatro anos de governo, logo na chegada, o presidente esquivou-se para não cumprimentar o presidente licenciado do PT, Ricardo Berzoini, que estava com o filho Luigi. O deputado ainda tentou um abraço, mas não obteve êxito. Restou-lhe o consolo de dar um tapinha nas costas de Lula, que nem sequer se virou. Isolado, Berzoini só recebeu tratamento acalorado dos mensaleiros José Mentor e Professor Luizinho, condenados no Conselho de Ética e absolvidos em plenário.
O deputado eleito José Genoino (PT-SP) chegou ao plenário meio acabrunhado, porém aos poucos o parlamentar foi se soltando e parecia mais à vontade. O presidente, ao vê-lo na saída, deu um prolongado abraço. Foi outro gesto repleto de simbolismo, uma espécie de anistia informal aos acusados de ter recebido o mensalão.
Mesmo depois de ter sido demitido do Ministério da Educação por telefone pelo presidente, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) mostrou que não guarda mais mágoas e assistiu ao discurso de Lula. Ele dividiu espaço com outros petistas e ainda conseguiu ser cumprimentado pelo presidente. A pedido de Lula, os seus familiares puderam se sentar na primeira fileira de cadeiras do plenário da Câmara.
Bruno Maranhão, o homem acusado de liderar o quebra-quebra no Congresso em junho de 2006, foi um dos convidados especiais do governo para a posse. Membro do Diretório Nacional do PT, o coordenador do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) foi chamado por ser dirigente do partido – apesar de quase ter sido expulso na época da invasão. Ele foi preso com dezenas de manifestantes depois que invadiram o Congresso e promoveram um quebra-quebra.
Com cabelos pintados, de terno e gravata, Maranhão estava bastante diferente do líder da confusão da Câmara. Contou que vai lançar um livro para dar sua versão. ?Eu admito e faço críticas ao excesso. O sangue ficou agitado e houve excessos, tanto nossos quanto da polícia?, afirmou. ?Eu subi no salão verde para tirar as pessoas e saíram dizendo que foi para incitar.? Maranhão tentou cumprimentar Lula no fim da posse, mas não conseguiu.