O Brasil está em sexto lugar em um ranking de maior vulnerabilidade externa com 24 países emergentes, atrás de Nigéria, Venezuela, Uruguai, Argentina e Equador. A lista foi elaborada pelos economistas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Felipe Pinheiro, Kátia Rocha e Roberto Siqueira para o período de 2003 a 2006. A pesquisa é mais um indicador de que o Brasil diminuiu sua vulnerabilidade externa relativa nos últimos anos. Em um período mais longo, de 1998 a 2006, o Brasil ficou em terceiro lugar no mesmo ranking.
Mas não foi só o Brasil que melhorou de 2003 para cá. "A grande maioria dos países emergentes se tornou menos suscetível a choques externos nos últimos três anos", escreveram os autores na nota técnica "A vulnerabilidade dos emergentes e os choques externos".
Os economistas dizem no texto que 2003 foi escolhido como ponto de corte para o segundo período por ser o ano a partir do qual "a liquidez internacional foi ente dominante na compressão dos spreads soberanos". De acordo com o estudo, os dois países em que a vulnerabilidade externa mais diminuiu do período mais longo para o mais curto foi Ucrânia e Rússia, este último protagonista da maior crise de 1998. Apenas cinco países tornaram-se mais vulneráveis nos últimos três anos: El Salvador, Líbano e três sócios do Brasil no Mercosul – Argentina, Uruguai e Venezuela.
Para os pesquisadores, a dívida bruta do governo em relação ao PIB e a qualidade da regulação "são importantes mitigadores da vulnerabilidade dos países emergentes a choques externos". De acordo com os economistas do Ipea, o fato de uma parte da dívida bruta do governo equivalente a 9% do PIB ter como credor o próprio governo, por estar em disponibilidade junto ao Banco Central, "é um fator contábil não desprezível na determinação do grau de sensibilidade do país a choques externos". Eles concluíram ainda que, quanto mais líquidos os títulos negociados de um país, menos vulnerável ele é a choques externos.
Estão na lista abrangida pelo estudo do Ipea, além dos países já citados, Turquia, Colômbia, Peru, Indonésia, Panamá, Bulgária, Filipinas, México, África do Sul, Malásia, Chile, Polônia, China e Hungria. A escolha dos países foi feita a partir do Emerging Markets Bond Index Global (Embig), do JP Morgan, abrangendo 97 8% da capitalização de mercado desse índice em dezembro de 2005.
