Brasília, 03 (AE) – Os presidentes do Banco Central, Henrique Meirelles, e do Banco do Brasil, Cássio Casseb Lima, serão chamados a prestar esclarecimentos no Senado, na próxima semana. Os convites para que eles compareçam à Comissão de Fiscalização e Controle (CFC) foram apresentados hoje (03) pelo senador Sérgio Guerra (PSDB-PE). O líder do PFL, José Agripino (RN), vai pedir amanhã (04) que eles também compareçam à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado. Os requerimentos serão votados na próxima terça-feira (10), já que nesta semana o expediente na Câmara e Senado é parcial, só de discursos, sem votações. Sérgio Guerra também chamou à CFC o presidente do Banco Popular, Ivan Guimarães, o diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, e o tesoureiro do PT, Delúbio Soares. O senador quer que eles esclareçam como é que “teriam atuado em conjunto” na aquisição de ingressos, no valor de R$ 70 mil, do show cuja renda se destinou à construção da nova sede do partido.

Por sugestão do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), Cássio Casseb encaminhou ao Senado cópia da carta em que explica sua posição à Comissão de Ética Pública. Mas não convenceu aos senadores. Ao contrário, conseguiu irritá-los por ter ignorado as denúncias de que teria, entre 1999 e 2002, sonegados da Receita informações sobre os US$ 593 mil que teria enviado ao paraíso fiscal das Ilhas Virgens por meio de doleiros. “Um presidente do Banco do Brasil não tem o direito de ultrapassar a lei e achar que está tudo bem”, reagiu o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM). O senador previu que Casseb será demitido “num breve espaço de tempo”, enquanto que a decisão sobre Meirelles deverá ser tomada pelo governo depois das eleições municipais.

Meirelles e Casseb foram os principais motes dos discursos da oposição nesta terça-feira no Congresso. Arthur Virgílio e José Agripino (RN) pediram da tribuna que eles deixem os cargos. Eles alegam que a saída do então diretor de Política Monetária do Banco Central, Luiz Augusto Candiota, na semana passada, já comprovou que as substituições não causarão turbulência no mercado.

Para Virgílio, é inaceitável que “por razões meramente táticas, no período anterior às eleições, o governo mantenham dois auxiliares que não conseguiram se defender “no intuito de não passar a impressão de que a sua equipe está contaminada”. Agripino reiterou que as autoridades e líderes políticos precisam dar exemplo de probidade e de retidão na conduta. “Há justificativas reais e verdadeiras? Eu e os brasileiros de todas as idades queremos saber, caso contrário o governo do PT ficará manchado por esse contencioso”, alegou.

O líder Mercadante acusou a oposição, da tribuna, de “condenar” os presidentes do BC e do BB sem a comprovação das denúncias. Em seu discurso, ele procurou dar o tom de que as acusações contra Meirelles e Casseb seriam decorrentes de uma espécie de tática conspiratória contra o governo. “Está acontecendo tudo que a oposição dizia que nunca ocorreria no governo Lula”, alegou. “Isso os incomoda (à oposição), mas o Congresso não pode deixar de discutir a fundo uma agenda nacional que ajude a sustentar o crescimento da economia”.

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