O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, voltou a defender hoje o regime de metas de inflação, em sua exposição na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Segundo ele, o descontrole de preços resulta em aumento de incertezas e a falta de previsibilidade faz com que os agentes econômicos e as famílias passem a defender os interesses próprios, no curto prazo, o que desorganiza a economia.
Meirelles apresentou exemplos de bancos centrais de outros países que também adotam o regime de metas para manter a estabilidade dos preços. Segundo o presidente do BC, mesmo em países como os Estados Unidos, em que existem várias metas, já é consenso que a maneira como o Banco Central pode contribuir com os outros objetivos – como geração de emprego – é mantendo a inflação na meta.
Segundo Meirelles, nos países que têm meta única, o cumprimento da meta é o critério para se medir o sucesso do BC. Ele disse que o Brasil ainda tem uma experiência recente no controle da inflação. Lembrou que, depois de 1994, quando houve queda do patamar inflacionário no País, ainda houve picos inflacionários em 1999, 2002, 2003 e, em menor escala, no final de 2004 e de 2005.
Meirelles considera necessário que haja previsibilidade no quadro inflacionário para que o País possa ter um crescimento econômico sustentável. "Países com inflação baixa têm precondição para crescer", afirmou. "Quando a inflação cresceu, nesses períodos, teve uma diminuição do PIB." Entretanto, Meirelles disse que no Brasil ainda persistem mecanismos de indexação na economia.
O presidente da CAE, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), disse, antes de Meirelles iniciar a exposição, que a presença do presidente do BC vem ao encontro das discussões na comissão sobre mudança da metodologia de fiscalização da CAE na execução da política monetária. Segundo Mercadante, a política do governo é de êxito, mas exige uma discussão periódica.