O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, não quis comentar a polêmica sobre a autonomia do Banco, assunto que marcou os discursos e debates no seminário ? Micro e Macroeconomia ? A Sinergia que levará ao crescimento sustentado?, realizado hoje no Rio de Janeiro.
Meirelles ressaltou que cabe ao Congresso discutir o assunto e a posição do governo é definida pelo presidente da República e pelo comando político, e não cabe ao Banco Central comentar o assunto. Ao encerrar o seminário, que reuniu representantes do mercado financeiro, economistas, ex-presidentes do Banco Central, ex-ministros da Fazenda e parlamentares, Meirelles fez uma avaliação positiva do primeiro ano do governo Lula.
Ele disse que a situação do Brasil está melhorando de forma sustentada, coerente, e que o presidente vai prosseguir na sua meta de criar condições para o crescimento sustentável do país. O presidente do Banco Central ressaltou que, em apenas um ano, a política econômica do governo conseguiu reverter as expectativas pessimistas.
Como exemplo, citou a controle da inflação, o saldo recorde da balança comercial no ano passado, a redução da dívida cambial de 34% para 22% da dívida total e o superávit em transações comerciais – o que não acontecia há mais de uma década. Ele reconheceu que ainda há obstáculos a superar, mas lembrou que é preciso encará-los com responsabilidade, ?não com mágicas já tentadas no passado com conseqüências nefastas” para a economia.
O encontro foi aberto pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Carlos Lessa, que defendeu mais investimentos em infra-estrutura e destacou a importância da transposição do Rio São Francisco para o desenvolvimento da região nordeste.
O ex-presidente do Banco Central e atual Diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas, Carlos Langoni, um dos palestrantes do Seminário, disse que uma dos problemas que o governo enfrenta é a dúvida interna com os rumos da economia e as medidas que o governo pretende adotar. Ele defendeu a autonomia do Banco Central e disse que as incertezas atrapalham e interrompem o processo de crescimento sustentável.
Para o economista e professor da Fundação Getúlio Vargas, de São Paulo, Paulo Nogueira Batista Júnior, o governo precisa baixar as taxas de juros e vencer o desafio de gerar um superávit comercial de 15 a 20 bilhões de dólares, com crescimento de pelo menos 5% do PIB. Segundo ele, essas condições são fundamentais para manter a estabilidade da economia e garantir o crescimento sustentável. O economista defendeu a maior flexibilidade nas políticas monetária e fiscal e elogiou a política externa brasileira. Para ele, o ministro Celso Lafer ?deu um salto de qualidade? no relacionamento do Brasil com o resto do mundo.
Segundo o Secretário Executivo do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, o compromisso mais importante do governo Lula é com a estabilidade dos preços, a estabilidade fiscal e a manutenção da solidez nas contas externas. Sobre taxa de juros ele disse que ?o Brasil tem hoje um arcabouço que garante a estabilidade, que é o regime de meta de inflação?.
