Meirelles atua como “bombeiro” e sinaliza intenção de elevar reservas

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, sinalizou hoje (2) a intenção de reforçar o volume das reservas internacionais brasileiras, que somam aproximadamente US$ 61 bilhões. Ao ser indagado sobre a disposição do governo de aumentar as reservas, Meirelles respondeu que dará continuidade ao processo de acumulação, levando em conta as condições de liquidez do mercado financeiro, mas também evitando que as compras adicionem volatilidade ao mercado cambial. "Se em algum momento, chegarmos à conclusão que atingimos o nível adequado, certamente vamos anunciar. Não é o caso agora", disse, sobre o nível de reservas adequado a ser atingido.

A declaração de Meirelles fez parte de um trabalho de "bombeiro", exercido ao longo de todo o final de semana, ao reafirmar a continuidade da atual política econômica, independentemente da saída de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda. Desde a noite de sexta-feira (31), ele participou de uma maratona de encontros com representantes de bancos estrangeiros que participam de seminários que antecedem a 47º reunião do Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bid), que começa nesta segunda-feira (03). Nas conversas, uma preocupação central foi sobre o grau de independência do Banco Central, já que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou, na última semana, que o Banco Central responde diretamente a ele, e não à Fazenda.

"Desde o início de sua gestão, o Presidente Lula tem assegurado a autonomia do Banco Central para suas decisões. Esse é um processo que tem continuado informalmente", disse Meirelles na abertura do seminário do Institute of International Finance (IIF) – o único compromisso aberto à imprensa. O presidente da entidade, Charles Dallara, apresentou Meirelles como figura-chave no processo de estabilização da economia brasileira no governo Lula, mas também como garantidor de que esse processo terá continuidade, apesar da saída de Palocci do Ministério da Fazenda.

Após sua exposição no seminário, Meirelles respondeu a três perguntas da platéia de representantes do mercado financeiro. Todas foram espinhosas. Uma indagava sobre a amplitude da autonomia do BC. Ele explicou que a legislação não prevê autonomia. "A independência depende do compromisso do Presidente da República. É assim que funciona no Brasil", afirmou. Ao ser perguntado se a proposta de autonomia formal será enviada pelo Presidente Lula ao Congresso Nacional, Meirelles disse que não é um assunto de sua competência, mas do governo e do Congresso Nacional.

Uma segunda pergunta foi sobre as críticas à persistência das altas taxas de juros no País. O presidente do BC voltou a reafirmar que os juros seguem um trajetória de queda enfatizando que a elevação foi necessária para trazer as expectativas de inflação para as metas. "No dia em que todos nesta sala tiveram confiança de que a inflação ficará dentro da meta fixada, o risco Brasil cairá, o que facilitará muito a queda dos juros", disse. Um economista perguntou se o BC tinha preocupação com a apreciação do real frente ao dólar norte-americano. Meirelles reafirmou que a única meta da autoridade monetária é a inflação. "Se olharmos os números, veremos que a balança comercial continua forte e as exportações crescendo. Se o mercado acreditar que o câmbio está valorizado, promoverá o ajuste necessário", afirmou.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, irá amanhã (3) a Belo Horizonte, para alguns encontros, sendo um deles com o presidente do Citibank, William Rhodes. Mas o novo secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, passou o final de semana na cidade, conversando com economistas e estrategistas de bancos estrangeiros. Um deles disse que Kawall assegurou que a estratégia traçada pelo ex-secretário do Tesouro, Joaquim Levy, terá continuidade, sem alterações.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo