Meirelles acredita que Inflação na meta é a receita para manter juros em queda

Rio de Janeiro – Em palestra nesta terça-feira (15) na solenidade de posse do novo presidente da Associação e Sindicato dos Bancos do Estado do Rio de Janeiro (Aberj/Sberj), Sergio Murray Gonçalves, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, destacou que a receita para fazer com que os juros permaneçam em queda é manter a inflação na meta.

Meirelles disse que a inflação brasileira, após oferecer surpresas negativas até o passado recente, tem se mantido na meta e assim deve continuar, de acordo com previsão do mercado. Essas surpresas negativas justificam em parte o fato de o Brasil ter taxas de juros tão altas, avaliou. E lembrou que os números de crescimento do país, principalmente após a revisão efetuada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o país já está em uma trajetória diferente da de últimas décadas: ?O mais importante é que a tendência é claramente crescente?.

Após a revisão do IBGE, o crescimento do Produto Interno Bruto (soma das riquezas produzidas no país) passou de 2,9% para 3,7% em 2006. Na avaliação de Meirelles, a responsável direta por esse crescimento é a demanda doméstica, impulsionada pelo aumento de 5% do consumo das famílias. Já a demanda externa é negativa, em função do crescimento das importações.

Segundo o presidente do Banco Central, a maior previsibilidade na economia favorece também o aumento da formação bruta de capital fixo, ou seja, da taxa de investimentos. "Isso aumenta a capacidade de o país crescer", disse Meirelles, para quem a economia mundial mostra um cenário benigno, com algumas incertezas provenientes dos Estados Unidos.  Nesse panorama, ele analisou que o Brasil está com uma pauta de exportações cada vez mais diversificada e, portanto, menos dependente de uma economia específica.

?O Brasil está numa linha de crescimento sólido e não estamos vendo desorganizações ou desequilíbrios na economia  que possam vir a comprometer esse crescimento no futuro?, afirmou.

Em referência ao déficit nominal consolidado do setor público, após o pagamento dos juros, o presidente do BC destacou que se continuar a tendência atual, ?nós vamos ter em quatro a cinco anos esse déficit caminhando para zero?. E quanto às reservas internacionais do país, lembrou que já ultrapassaram US$ 122 bilhões, o que contribui para a percepção das agências quanto à redução do risco país. Na comparação com outros países, acrescentou, o indicador "mostra que a política de atuação de reservas não tem o limite que muitos querem  lhe atribuir?.

O investimento estrangeiro direto bruto já atingiu patamar em torno de U$ 34 bilhões, o que evidencia o controle atual da economia brasileira, segundo Meirelles, que informou que o crescimento médio do Brasil atingiu 4,1% nos anos de 2004, 2005 e 2006, e que as projeções do Fundo Monetário Internacional para 2007 são de uma expansão de 4,4%.

Entre 1999 e 2003, o crescimento foi de 1,9% em média. No período de 1980 a 2003, o aumento ficou pouco acima de 2%.  ?Isto mostra com clareza como a estabilidade já traz possibilidade para o país crescer a taxas mais elevadas, mas não elimina a necessidade de continuarmos trabalhando para que essas taxas  continuem a crescer?, afirmou.

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