O primeiro semestre de 2006 é o prazo estipulado como limite para que os hospitais se adaptem às novas regras e medidas que o Governo do Paraná, por meio da Secretaria da Saúde, estabeleceu para ampliar a captação de órgãos e tecidos em todo o Estado. O documento foi assinado em novembro de 2005, nas comemorações do ?Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos?, pelo secretário da Saúde, Cláudio Xavier.

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Xavier explicou que campanhas de incentivo à doação de órgãos serão levadas à população, para que a intenção de doar órgãos seja discutida nas famílias. Mas também medidas administrativas gerenciais serão tomadas para aumentar a notificação de morte encefálica e, em conseqüência, a captação de órgãos para transplante. ?Assim como em todas as áreas da saúde, queremos melhorar e ampliar a oferta e qualidade dos serviços para a população?, explicou Xavier.

Outra medida será a criação de Organizações de Procura de Órgãos (OPOs) e de Córneas (OPCs) no Estado, como mecanismos auxiliares para efetuar a busca ativa nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e hospitais de potenciais doadores de órgãos e tecidos. Além disso, haverá regulamentação estadual complementar para melhorar o funcionamento das comissões intra-hospitalares de transplantes dos hospitais do Estado, também com o objetivo de aumentar a captação de órgãos e tecidos. ?Essas ações começaram em 2005 e se estenderão no decorrer de 2006. Os hospitais estão se adequando?, esclarece o diretor da Central de Transplantes do Paraná, Carlos D?Ávila.

No ano passado, houve no Paraná aumento de 22,8% no total de transplantes em relação a 2003. ?Este acréscimo seguiu a linha nacional. Agora, infelizmente, o número caiu, como está ocorrendo em todo o País. Estamos intensificando as ações e creio que os novos planos que constam no documento serão uma ferramenta muito importante na nossa batalha?, destacou D?Ávila.

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No Paraná, em 2004, foram registrados 996 transplantes, sendo 761 com doador cadáver, 232 intervivos e três com órgão trazido de outro Estado. Em 2005, foram realizados 824 transplantes, destes 614 com doador cadáver e 210 intervivos. Os números mostram queda de 17,26% nos transplantes realizados neste ano em relação ao ano passado. ?Tenho certeza que com estas ações vamos reverter estes números?, afirma o diretor. Segundo D?Ávila, foi constatado que a subnotificação é uma das causas da queda de transplantes, por isso a implementação da resolução terá efeito direto nas estatísticas.

Em 2004, a Central de Transplantes recebeu 753 notificações, sendo 325 por morte encefálica e 428 por parada cardio respiratória. Já em 2005, foram 603 notificações, destas 291 por morte encefálica e 312 por parada cardio respiratória. ?A notificação é obrigatória por lei e a subnotificação será punida severamente?, explica.

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Fila única

A Central Estadual de Transplantes (CET) reúne todas as atividades relacionadas a transplantes, desde o credenciamento dos serviços até a distribuição dos órgãos. Há uma fila única de receptores, por isso não existe a possibilidade de favorecer um paciente em prejuízo de outro.

Um dos maiores problemas que a CET enfrenta é o desconhecimento das pessoas em relação aos mecanismos de doação. ?A decisão de doar ou não os órgãos é da família, por isso, cada pessoa deve conversar com seus familiares sobre o seu desejo de ser ou não doador. E esse é, justamente, um dos elos mais importantes para garantir o aumento do número de transplantes?, enfatizou D?Ávila. Ele lembra que um doador pode salvar a vida de muitas pessoas, dependendo da situação de seus órgãos, tecidos e ossos. Este número pode chegar até 50 pessoas beneficiadas.

Dados

Quando a família autoriza a doação, o corpo é totalmente reconstituído, sem nenhum prejuízo para o velamento. Esta é uma garantia dada pela lei 9.434, de 1997. ?As pessoas não devem ter medo de doar, pois todo o sistema é muito bem organizado e fiscalizado. Além disso, todos os profissionais envolvidos são extremamente capacitados. Estamos sempre esclarecendo o sistema à população, procurando acabar com mitos e medos infundados, como a dúvida em relação ao diagnóstico de morte cerebral?, afirmou Carlos D?Ávila.