Medidas de Lula para a Amazônia não entusiasmam Greenpeace

O Greenpeace recebeu com pouco entusiasmo o anúncio feito ontem pelo governo Lula, em Brasília (DF), de uma série de medidas para conter o desmatamento na Amazônia. Para a organização ambientalista, embora o plano de ação pareça formar um todo coerente de iniciativas e ações interministeriais que pretendem minimizar os impactos do processo de colonização da Amazônia, as verdadeiras causas econômicas e sociais da destruição da floresta continuam a não ser enfrentadas.

“O governo Lula foi eleito com base no compromisso de mudar o modelo de desenvolvimento adotado pelo Brasil e proteger a Amazônia. O país, no entanto, parece estar preso numa armadilha: a necessidade de gerar superávits para pagar a gigantesca dívida externa e interna, e atender à demanda da população resulta em pressão cada vez maior sobre as florestas. O carro-chefe da economia brasileira tem sido a agropecuária de exportação, e essa atividade, de acordo com dados do Banco Mundial, é mais rentável na Amazônia do que nas demais regiões do País”, disse o coordenador da Campanha da Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário.

O Greenpeace reconhece que a maior integração dos diferentes ministérios e órgãos do governo envolvidos com as questões amazônicas representa um avanço considerável, e que algumas medidas ? tais como o aumento dos recursos destinados à fiscalização e o monitoramento (que saltariam de R$ 22 milhões em 2003 para R$ 68 milhões em 2004), o zoneamento ecológico-econômico do Arco do Desflorestamento e a criação de áreas protegidas ? podem inibir a ocupação e exploração predatória. Mas a questão central é saber se esse pacote de iniciativas será suficiente para reverter o assalto à Amazônia conduzido pela iniciativa privada. “Nas décadas de 60 e 70, o desmatamento foi resultado de uma política de ocupação da Amazônia conduzida pelo governo militar. Hoje, no entanto, são as forças do mercado que conduzem este processo, e o governo se beneficia disso, já que a crise econômica de 2003, e suas consequências políticas, teriam sido muito piores se não fosse o boom do setor de agronegócios”, disse Adário.

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