O efeito Severino Cavalcanti começa a ser apropriado pelo estamento superior do empresariado brasileiro, na antevisão de clima propício para o arquivamento da Medida Provisória 232, a infeliz penada do presidente Lula propondo mais um aumento de impostos. A base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e do Imposto de Renda dos prestadores de serviço foi aumentada em 25%.
O Conselho Regional de Contabilidade do Paraná (CRC) foi a primeira instituição a criticar a medida governamental, ao lado do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), no início do ano. Hoje, o movimento de repúdio à citada MP conta com a adesão de mais de mil entidades e associações prestadoras de serviços, reunindo médicos, advogados, engenheiros, educadores, comerciários e outras categorias profissionais.
A denominada Frente Brasileira contra a MP 232 lançou em São Paulo, no meio da semana, um manifesto público contra a elevação da carga tributária, lido pela atriz Beatriz Segall.
Para o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, a eleição do deputado Severino Cavalcanti, além de exibir a fraqueza da base governista, aumenta a probabilidade da derrubada da medida provisória. A declaração confiante de Afif reproduziu-se na fala de outros pesos pesados da iniciativa privada, cujo poder de persuasão é de conhecimento geral.
Alguns desses personagens movem-se com extrema facilidade não apenas no cenário da economia e da produção, mas com igual desenvoltura no ambiente político, onde agem como indutores e facilitadores de projetos de interesse social.
No caso da eliminação da extemporânea Medida Provisória 232, os homens de empresa têm aprovação unânime da sociedade. Duvida-se que os congressistas assumam a temeridade de contrariar a vontade das bases. Só o governo parece não ter percebido a fundura do fosso que, todos os dias, o separa um pouco mais da população.