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Brasília (AE) – O Banco Central (BC) anunciou hoje à noite uma medida que poderá ajudar a conter a queda do dólar frente ao real, além de reduzir ainda mais a parcela da dívida atrelada ao dólar, atualmente em 9,3%. A estratégia será montada a partir de leilões semanais nos quais o BC irá oferecer ao mercado novos contratos vinculados ao dólar para vencimento em data futura. "Os leilões que terão início amanhã devem ser entendidos como uma medida adicional no âmbito da bem sucedida política de redução da exposição cambial do setor público que vem sendo implementada desde o início de 2003", disse o BC em nota à imprensa.

A decisão poderá ter impacto sobre a taxa de câmbio, na medida em que o BC estará, na prática, atuando como se estivesse comprando dólares no mercado, segundo analistas. Esses analistas lembram que nos momentos de alta do dólar frente ao real, como na crise de 2002, o BC atuava de forma diferente. Naquela época, o banco vendia contratos de swap cambial (que têm como referência a aposta de uma taxa de câmbio futura) e, com isso, acabava conseguindo uma queda na cotação do dólar. Hoje, o BC estará vendendo contrato de swap da mesma forma, mas a diferença é que, agora, ele estará operando como comprador da moeda e não como vendedor de dólares. Na prática, o BC está comprando dólar.

Com o BC comprando esses papéis, a expectativa do mercado é de que a cotação da moeda norte-americana venha a subir frente ao real. No entanto, alguns especialistas alertam que essa interferência do BC poderá ser marginal, na medida em que o volume de vencimento de contratos com cláusula cambial não é elevado. O comunicado do BC, no entanto, mantém o discurso técnico e explica a operação como sendo uma mera venda de contratos de swap cambial, sem qualquer conotação intervencionista.

"A atuação será baseada em condições adequadas de mercado a cada momento e terá como objetivos não adicionar volatilidade ao mercado cambial nem interferir na tendência de flutuação da taxa de câmbio", afirma a nota do BC. No comunicado à imprensa, o Banco afirma, ainda, que a decisão de realizar os leilões não implicará em alteração na atual política de compras de dólares para recompor as reservas internacionais do País. Em dezembro do ano passado, as aquisições de moeda estrangeira já haviam alcançado a marca dos US$ 2,7 bilhões.

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O primeiro leilão de swap cambial será realizado amanhã e envolverá contratos estimados em US$ 350 milhões a US$ 400 milhões. Na operação, serão ofertados até 8 mil contratos com 4 vencimentos diferentes ou seja: 01 de julho de 2005, 2 de janeiro de 2006, 17 de janeiro de 2007 e 2 de janeiro de 2008. Segundo uma fonte do mercado financeiro, com essa decisão o BC está deixando claro que não irá esperar pela data de vencimento da dívida cambial para anunciar a decisão de não rolar o contrato e, consequentemente, reduzir a parcela da divida atrelada à variação cambial. A partir de agora, segundo esse mesmo analista, o BC antecipa os vencimentos e já garante a redução da chamada "exposição cambial".

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