O médico residente Sandro Dugnani, de 29 anos, foi encontrado morto na noite de ontem no vestiário masculino do Centro Cirúrgico do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Segundo informou o delegado do 4º Distrito Policial de Campinas, Paulo Maurício Impossinatti, Dugnani foi encontrado por uma faxineira por volta de 23 horas. Ao lado do corpo estavam duas seringas – uma vazia e outra, com um líquido incolor – e um recipiente com líquido transparente. Um dos braços do rapaz estava amarrado com um fio de borracha.
A polícia descartou nesta terça-feira (29) a hipótese de suicídio e trabalha com a possibilidade de superdosagem na aplicação do suposto medicamento. O médico residente fazia especialização em anestesiologia e tinha trabalhado até as 18 horas. De acordo com nota divulgada pela universidade, a equipe médica de plantão levou o rapaz para a sala cirúrgica mais próxima e tentou reanimá-lo, sem sucesso. O corpo foi levado para o Instituto Médico Legal, que fará o estudo sobre a causa da morte. As seringas e o recipiente com líquido foram enviados para o Instituto Adolfo Lutz. O resultado dos exames deve sair em 30 dias.
Segundo informou o anestesiologista Carlos Eduardo Lopes Nunes, secretário-geral da Sociedade Brasileira de Anestesiologia, não há um levantamento estatístico sobre situações como a que foi encontrado Dugnani. "Recebemos informalmente dois ou três registros de algum tipo de ocorrência ao ano. Mas são informações pontuais", disse.
A SBA trabalha há dois anos em um levantamento sobre a incidência do uso de medicamentos supostamente só para pacientes entre anestesiologistas brasileiros. O estudo entrou esse ano na fase de pesquisa de campo. "É muito difícil conseguir esse tipo de informação, mas queremos ter um quadro um pouco menos inexato para saber como proceder com as chefias imediatas dessas pessoas", disse Nunes. Ontem, os profissionais da Faculdade de Ciências Médicas optaram por falar por meio da assessoria da universidade.
"Ás vezes o colega acha que está protegendo o amigo ao não registrar isso, mas ele está expondo ainda mais o colega. É importante que os que sabem entrem em contato com a SBA, mesmo que no anonimato", afirmou o secretário-geral da associação.