Uma nova frustração com a derrota para o espanhol Oscar Hernandez em Viña del Mar, a irritação ao quebrar a raquete, novos problemas com o quadril, reclamações de que as bolas não entram voltam a pôr em dúvida a situação de Gustavo Kuerten. ‘Não dá mais!’, teria esbravejado o tenista, depois do jogo.
Mas, segundo sua assessoria, estaria apenas lamentando não ter vencido o segundo set. Mas os fatos da partida mostram que o tricampeão de Roland Garros está mais perto do fim da carreira do que de reviver seus bons momentos.
A advertência mais séria vem de seu ex-médico, Rogério Teixeira, especialista em medicina esportiva, com larga experiência em tênis. ‘O fato de Guga ter relatado que o problema no quadril, durante o jogo, foi só uma contratura muscular não deixa de ser preocupante. É preciso avaliar a articulação. Há riscos e ele pode ter complicações, como uma artrose.
Teixeira acompanhou Guga durante boa parte da recuperação da segunda cirurgia no quadril, em 2004. Não trabalha com Guga há mais de 6 meses, mas, pelo que conhece do caso, diz que é normal – até esperado pelo tipo de lesão – que Guga sinta problema de mobilidade.
Entre ex-tenistas, há boa dose de otimismo. O ex-técnico da Copa Davis, Fernando Meligeni, disse que viu melhoras. ‘Houve evolução desde a Davis em Belo Horizonte. Mas reconheço que sua bola não anda, não tem veneno. Se ele não estiver mesmo sentindo dores, pode pôr algo a mais nos golpes.’ O fato de Guga ter quebrado a raquete não preocupa. ‘Mostra que ele quer muito voltar a jogar. Eu mesmo já quebrei várias.
A determinação de Guga impressiona um dos maiores nomes do tênis brasileiro, Tomas Koch. ‘É duro ver um cara viver no inferno depois de ter vivido no paraíso’, disse. ‘Se continua, é porque acredita.
O ex-tenista, hoje comentarista de TV, Dácio Campos notou melhora significativa na atuação de Guga diante de Hernandez, mas afirmou que ele não soube dosar as energias e chegou ao tie-break desgastado. Para o ex-técnico Marcelo Meyer, Guga merece respeito, mas deixa claro que o longo tempo que o brasileiro ficou longe das quadras diminui suas chances de êxito.
