Mecanismo de Desenvolvimento Limpo foi sugestão do Brasil

Com a entrada hoje em vigor do Protocolo de Kioto, o Brasil passa a contar com uma compensação financeira para a redução dos gases que provocam o efeito estufa. De acordo com José Miguêz, coordenador-geral de Mudanças Globais do Clima do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), o artigo 12 do acordo o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) permite a compra, por parte dos países desenvolvidos (que têm metas de redução de emissões no tratado, ao contrário das nações em desenvolvimento), de projetos de redução de emissões implementados no Brasil, por exemplo.

"O Brasil propôs em 97 este mecanismo. Não nos furtamos do fato de podermos contribuir para a redução de emissão de gases no mundo. O que argumentamos é que o ônus deve cair sobre os países que criaram o problema, não sobre o Brasil. O mecanismo permite que os países desenvolvidos possam adquirir projetos. Com isso, não tiramos recurso do social", disse.

Para Marcelo Furtado, diretor de campanhas da organização não-governamental (ong) Greenpeace, o protocolo é um passo importante para o mundo. Ele acrescentou que, num primeiro momento, a responsabilidade está sobre os países ricos, que são os maiores geradores dos gases do efeito estufa. No entanto, disse que há uma cobrança sobre o Brasil, por ser "o quarto ou quinto emissor do planeta, dependendo de como se contabiliza a emissão".

"Temos uma lição de casa que é lidar com a questão do desmatamento. Pelo menos 70% das nossas emissões vêm do desmatamento e esse é um problema não só de mudança climática, mas social, ambiental e que afeta a biodiversidade. Por isso, dizemos que o Brasil não deve ser tímido, deve assumir compromissos de redução das suas emissões, lidando com a questão", salientou Furtado.

O ministro Everton Vargas, secretário de Temas Especiais do Ministério de Relações Exteriores, disse que o tratado representa a primeira vez em que foram reconhecidas responsabilidades históricas por parte dos países em relação a um interesse comum. Ele destacou o empenho do Brasil na interlocução junto a diferentes nações, sobretudo a Federação Russa, para a entrada em vigor do Protocolo.

Vargas lembrou ainda que a missionária americana, Dorothy Stang, assassinada no último sábado no Pará, desenvolvia um trabalho de redução do desmatamento, buscando combater a exploração ilegal da floresta e a ocupação ilegal de terras. "Ela procurava promover um dos objetivos do acordo que é o desenvolvimento sustentável", disse.

Em comemoração à entrada em vigor do Protocolo, o Ministério do Meio Ambiente inaugurou o Bosque de Kioto, no Jadim Botânico de Brasília.

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