Maurício Marinho entrega na CPI dos Correios dossiê sobre fraudes na estatal

Brasília ? O ex-funcionário da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) Maurício Marinho apresentou hoje (29) um relatório de cerca de 300 páginas com novas informações sobre o esquema de corrupção que funcionaria na estatal, disse o sub-relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios (CPMI), Gustavo Fruet (PSDB-PR).

A divulgação de um vídeo onde o ex-funcionário recebe R$ 3 mil e fala sobre um esquema de corrupção nos Correios provocou o pedido de abertura da CPMI.

Segundo o deputado Maurício Rands (PT-PE), Marinho disse aos parlamentares que agências franqueadas receberam contas de grandes empresas ? antes clientes dos Correios ? e aumentaram seus ganhos em detrimento da estatal. O parlamentar quer saber quais parlamentares foram beneficiados com as concessões de franquias dos Correios.

Rands disse que, segundo relato de Marinho, a transferência de grandes clientes dos Correios para agências postais franqueadas começou em 1990. "Na época, foram distribuídas três mil franquias para apadrinhados políticos do PMDB e do PSDB", afirmou.

"Laranjas"

Em seu primeiro depoimento à CPI, Maurício Marinho disse saber que parlamentares recebiam as concessões e colocavam "laranjas" para administrá-las. Hoje, segundo Rands, ele citou apenas o nome de um deputado que já morreu.

No depoimento reservado à comissão, Marinho também falou sobre 12 contratos realizados pelos Correios que teriam sido superfaturados. Segundo Fruet, o ex-funcionário dos Correios teria dito que todos os atuais diretores da empresa participavam do esquema de corrupção que derrubou a diretoria anterior. Marinho afirmou que os atuais diretores eram, na administração passada, subordinadores diretos das diretorias.

Ainda de acordo com Fruet, Marinho negou durante todo o depoimento qualquer contato com o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Ele manteve esta afirmação mesmo quando questionado sobre 30 ligações realizadas do seu aparelho celular para o número do celular que pertenceria a Roberto Jefferson, disse Gustavo Fruet. O parlamentar acrescentou que Marinho disse à CPI que os contatos eram mantidos com o genro do ex-deputado, Marcus Vinícius de Vasconcelos Ferreira, e que as ligações descobertas pela comissão poderiam ser "retornos" das ligações feitas por Vinícius.

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