As polícias Civil e Militar de Matão, na região de Araraquara, interior de São Paulo, estão desconfiadas de que o município estaria servindo de cidade dormitório para egressos do sistema carcerário e até integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Agentes penitenciários do presídio de Araraquara já perceberam que alguns presos, ao ganharem a liberdade, mudam-se para lá mesmo não tendo famílias no município. "Eles falam que ficarão nas casas de uns camaradas", conta.
A presença da facção vem sendo percebida pelos policiais da cidade. Há 20 dias, panfletos assinados pelo PCC tentavam esclarecer o motivo dos ataques ocorridos no Estado de São Paulo. Na opinião de policiais, simpatizantes da facção estariam dando essa "assistência" com a promessa de quitarem dívidas com a quadrilha. Além disso, eles também seriam responsáveis pelo comércio de drogas e teriam participado de ataques ocorridos em Matão em maio.
Há 40 dias, dois moradores da cidade foram presos arremessando drogas e celulares por cima da muralha da Penitenciária de Araraquara. Na ocasião, eles admitiram estar devendo R$ 9 mil à quadrilha. As polícias de Araraquara e Matão não mantêm qualquer investigação direcionada ao PCC. Ninguém sabe porque integrantes da facção estariam mantendo laços no município vizinho. Para investigadores, o fato de Matão ser uma cidade próxima, ter infra-estrutura e menos policiamento facilitaria reuniões sem levantar suspeita.
A polícia da região acredita que um traficante de 25 anos estaria articulando o crime organizado em Matão. Em Araraquara, policiais e agentes contam que a presença do crime organizado estaria ligada diretamente à penitenciária. De lá, sairiam ordens para venda de drogas, assaltos e até assassinatos. Mas com os problemas enfrentados no presídio depois das rebeliões, muitos "pilotos" – como são chamados os chefes de determinada unidade – foram transferidos e o comando está enfraquecido.
Outro lado – O major João Batista de Camargo Junior, subcomandante do 13º Batalhão de Polícia Militar do Interior (BPM-I) de Araraquara, diz não acreditar em uma grande articulação da facção em Araraquara e Matão, mas reconhece não ter muitos dados sobre o caso. Na mesma linha, o delegado Seccional assistente Luis Antônio Rodrigues justifica a inexistência de investigações sobre o PCC na região alegando que todo o trabalho é coordenador pelo Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) em São Paulo. Ele desconhece a presença da facção em Matão.