A marreta argentina volta a desabar sobre o setor calçadista brasileiro voltado para a exportação. O governo do presidente Néstor Kirchner resolveu aplicar barreiras alfandegárias sobre o ingresso de produtos fabricados no Brasil, retendo milhares de pares de sapato nos postos aduaneiros do país, desde a última terça-feira.
Segundo as contas dos exportadores, o valor das mercadorias paradas nos pátios das referidas alfândegas chega a US$ 3 milhões e foram embargadas por não contarem com as chamadas licenças não automáticas exigidas pelo governo Kirchner.
Ocorre que tais licenças são altamente burocratizadas e demoram até 60 dias para ser emitidas, fazendo que muitos importadores desistam de fazer novos pedidos.
A medida ampara a eterna reclamação dos fabricantes de calçados do país vizinho, cuja expressão mais amena é verberar contra a ?invasão? do sapato brasileiro. Uma alternativa seria a restrição de compras do Brasil em até 10 milhões de pares anuais, o que não satisfaz o setor nacional, cuja intenção é colocar naquele mercado 15,3 milhões de pares.
No dia 30 de novembro, Kirchner e Lula devem se encontrar na Ponte Tancredo Neves, que liga Foz e Puerto Iguazú, sobre o Rio Paraná. Espera-se que ambos estejam bem calçados para resolver, diplomaticamente, o impasse que pode deixar muita gente de pé no chão.