Em todo o Paraná, existem cerca de 1.150 marmorarias que trabalham com o corte e polimento de mármore, granito e ardósia. No entanto, a maioria delas está irregular quando se trata do quesito segurança dos trabalhadores.

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A constatação foi feita pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Mármore e Granito do Paraná (Sindmármore) e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) do Paraná.

Para tentar orientar e padronizar as empresas do ramo, o MPT organizou ontem uma audiência coletiva com representantes de pelo menos cem empresas notificadas pelo órgão. No encontro, foi discutida a adequação das marmorarias, com prazo estabelecido até 13 de setembro, à Portaria 43 do Ministério do Trabalho e Emprego.

“Estamos preocupados com a saúde daqueles que estão ligados às atividades nesse ramo. A poeira gerada pelo corte das pedras é rica em silício, uma substância cancerígena e fatal, se inalada em grandes quantidades”, afirma a procuradora do trabalho Renée Araújo Machado.

Ciciro Back
Kondratoski, do Sindimármore: meios de evitar o pó e aliviar peso.
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Até o prazo dado pelo MPT, as marmorarias deverão fazer duas alterações previstas na portaria. A primeira delas será a umidificação do corte e a segunda, a instalação de esteiras para transporte das pedras.

“Essas duas mudanças irão reduzir os problemas de saúde dos operários. Assim, não haverá mais poeira e nem problemas nas costas causados pelo levantamento excessivo de peso, o que é comum na categoria”, afirma o presidente do Sindmármore, Ilson Kondratoski.

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Ao inalar a poeira gerada pelo corte das pedras, os operários correm risco de adquirir silicose. “É uma doença pulmonar irreversível, sem cura, sem tratamento e que acontece após a exposição do pulmão à poeira por vários anos. Quando diagnosticada, a única solução de tratamento é afastar o operário daquele local rico em poeira de mármore”, explica o médico do trabalho do MPT, Elver Moronte.

O barulho no ambiente de trabalho também preocupa as entidades. O ruído, gerado principalmente pelas serras de corte e ferramentas motorizadas, causa perda auditiva, também irreversível.

“As empresas devem instalar discos de corte silenciosos e enclausurar fontes de ruído, como motores de máquinas. Além disso, devem fornecer materiais de segurança como óculos, respiradores e protetores de ouvido compatíveis às atividades dos operários”, completa o médico.