A linha que separa o mundo real do virtual está ficando cada vez mais tênue, principalmente no que diz respeito à questão do marketing empresarial.
Num mundo onde a concorrência é cada vez mais acirrada, a força de uma marca empresarial definida como um sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e serviços de outros análogos – é de suma importância, chegando algumas delas, inclusive, por força de sua notoriedade e valor, passar a incorporar o ativo patrimonial das empresas.
E é pensando em ampliar seu target que muitas empresas fazem do mundo digital um novo nicho comercial, adotando em sua política de vendas a prática do chamado web marketing, ou marketing digital.
Uma das formas mais práticas e eficazes de se fazer marketing digital é através do uso dos e-mails marketing. Por meio deles, as empresas conseguem alcançar um público de consumidores cada vez maior, num espaço de tempo cada vez menor, e uma das razões para tal sucesso é que o e-mail, segundo estudo do Comitê Gestor da Internet no Brasil, é o principal motivo de acesso dos brasileiros à internet.
O sucesso de tal ferramenta ainda está aliado aos seguintes fatores: pró-atividade (a empresa se dirige ao cliente, ao invés de esperar um primeiro contato por parte deste); interatividade (o cliente interage direta e imediatamente com a mensagem); segmentação (a mensagem é encaminhada a um público alvo, selecionado por sexo, idade, formação, interesses, entre outros, aumentando ainda mais o retorno do marketing direto); agilidade (num mundo sem fronteiras, e onde a troca de informações pela rede é cada vez mais célere, em instantes milhares de pessoas de todos os cantos do mundo passam a figurar na qualidade de receptores das mensagens publicitárias); personalização (a mensagem pode ser facilmente personalizada com informações do cliente); custo (a comunicação digital reduz custos de criação e envio); mensuração (o retorno da ação é acompanhado em tempo real através de acessos aos respectivos sites); e, principalmente, alta taxa de resposta (já que a adoção de tal recurso proporciona um elevado índice de retorno).
Porém, as estratégias de marketing não param por aí. Visando ampliar seus negócios, desenvolver campanhas de relacionamento direto e fortalecer sua marca no mercado, muitas empresas passaram a divulgar e fornecer seus serviços através de sites de relacionamento e programas de interatividade entre os usuários da web.
Aproveitando a ?febre? do momento, empresas dos mais diversos ramos, tais como telefonia, montadoras de automóveis, transporte e construção, passaram a fazer uso do Second Life para ampliar seus negócios.
Tal programa nada mais é do que um simulador da vida real, num mundo totalmente digital, onde os usuários assumem identidades e perfis criados por eles próprios (os chamados avatares), interagindo com usuários de todo o mundo, em tempo real.
E é exatamente essa interatividade que fez com que tais empresas transpusessem a barreira entre o mundo real e o virtual para vender seus produtos.
A estratégia adotada é a de comprar espaços nas chamadas ?ilhas? – nome dado aos terrenos no Second Life -, e divulgar suas marcas naquelas de maior circulação, instalando lojas virtuais e lounges com o logo da marca, possibilitando test drives virtuais, e até mesmo abrindo caminho para efetivar, no mundo real, a venda de seus produtos, seja direcionando seus possíveis clientes a estandes de venda, seja encaminhando os mesmos ao site da empresa, para a realização de uma compra e venda virtual.
E as expectativas de venda são grandes, já que atualmente o Second Life tem quase 5,5 milhões de usuários cadastrados, e os brasileiros formam a sua sétima maior comunidade.
Logo, se tais ?vendas? prosperarem, a utilização do marketing virtual vai implicar diretamente num aumento ainda mais notável da celebração de contratos eletrônicos, fomentando ainda mais um mercado que, dia após dia, tem novos usuários, e novos prestadores de serviço em ação, derrubando pouco a pouco a barreira que ainda resta entre o real e o virtual.
Claudia Roberta de Souza Inoue é advogada especializada em Direito das Novas Tecnologias. crsi@densi.com.br