A Marinha do Paraguai é agora a responsável pela segurança e controle na Ponte
Internacional da Amizade , fronteira com o Brasil. A presença das Forças Armadas
foi determinada pelo presidente Nicanor Duarte Frutos, ontem (22) à noite, após
decretar o afastamento de todos os agentes da Polícia Nacional, acusados de
corrupção.
As denúncias de que os policias estariam facilitando o
contrabando de mercadorias e tráfico de drogas via terrestre, mas principalmente
através de embarcações pelo Rio Paraná, ganhou força após a denúncia de um
advogado paraguaio ao Ministério Público. Ele contou e apresentou provas do
esquema usado pela Força Nacional, que em vez de combater o narcotráfico se
beneficiava com o crime.
O presidente do Sindicato dos Transportadores de
Ciudad del Este, Santiago Segóvia, durante as manifestações contra a ação da
Receita Federal brasileira, chegou a fazer um mapa dos acessos usados pelos
acusados para enviar as encomendas para o Brasil. Ele afirmou que apenas 20% do
ilícito – drogas, armas e cigarros – tinham como roteiro a ponte. O restante,
80% deixava o Paraguai pelo rio. "Estão atirando na direção errada", ironizou
diante da megaoperação desencadeada pela Receita para apreender mercadorias
trazidas por sacoleiros dentro de táxis e vans.
O carregamento de
cigarros e drogas descia para o rio – que faz fronteira com Foz do Iguaçu –
pelas mesmas estradas construídas para que fosse feita a segurança do país
vizinho. "Só um cego não vê o que esta acontecendo", acrescentou o
sindicalista.
A presença da Marinha chama a atenção na fronteira. Com
armas de grosso calibre, passaram a vigiar a multidão, pedestres carros e motos,
que voltou a invadir Ciudad del Este hoje em busca de importados.