Cotada para ministra do Meio Ambiente no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a senadora Marina Silva (PT-AC) aderiu hoje à pressão do Greenpeace pela inclusão do mogno na lista de espécies ameaçadas de extinção. Além de defender junto à equipe de transição de Lula regras mais rígidas para a preservação da madeira, chamada de ?ouro verde? Marina esteve na manifestação.
Os ativistas estão acampados desde sábado (02) sob um exemplar de mogno, plantado há cerca de 20 anos entre os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente. O Greenpeace considera a árvore símbolo da defesa da espécie. Os ambientalistas dizem que só deixarão o local após o encerramento no Chile, da reunião da Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (Cites), que é um acordo entre governos para impedir que o comércio internacional de animais e plantas coloque em risco a sobrevivência das espécies. Daí o movimento em favor do mogno.
Para a senadora, chegou o momento do governo fazer algo para salvar a espécie: ?Da forma abusiva como é feita hoje a extração e o contrabando, corremos o risco de perder nosso mogno?, alertou. Segundo ela, não se trata de proibir totalmente a extração mas de adotar critérios de sustentabilidade.
Marina Silva recebeu tratamento de ministra no acampamento dos ?verdes?. Posou para fotos ao lado dos ativistas, foi firme ao endossar a reivindicação do movimento, mas procurou não reforçar as expectativas de que poderá ser a escolhida por Lula para o cargo. Ainda assim, a torcida é grande. Em oito anos de mandato no Senado, ela tem sido uma das vozes mais atuantes em defesa do meio ambiente. Está previsto para hoje à noite um encontro da senadora com a equipe de transição de Lula para definir medidas nessa área.
De acordo com o ativista do Greenpeace Nilo D?Ávila, gerente de campanha da Amazônia, o governo tem evitado adotar medidas mais rigorosas na proteção do mogno, alegando que os estoques do País são grandes e que a legislação nacional garante o manejo sustentável da espécie. Só que dados do Greenpeace, segundo ele, mostram que ?jamais foi feito o inventário dos estoques de mogno e a legislação florestal, além de não conter medidas capazes de garantir o monitoramento dos impactos ecológicos da exploração da madeira, na prática não é cumprida?.
Ainda de acordo com a entidade, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) estima que quatro milhões de metros cúbicos de mogno serrado foram exportados, entre 1971 e 2001, 75% para os Estados Unidos e Inglaterra. Outros 1,7 milhão de metros cúbicos teriam sido vendidos no mercado interno. ?Num cálculo rápido, isso significa cerca de 10 milhões de metros cúbicos de madeira em tora ou mais de dois milhões árvores abatidas pelas motosserras?, afirma Nilo D?Avila.