A margem de lucro líquido da indústria atingiu no primeiro trimestre de 2006 a maior marca em três anos e superou o desempenho do comércio e dos serviços, segundo pesquisa da Serasa. A explicação para o bom desempenho do lucro líquido da indústria em relação aos demais setores é que a queda do dólar reduziu o endividamento das empresas em moeda estrangeira e melhorou o resultado financeiro.

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Segundo a pesquisa realizada a partir de 10 mil balanços de empresas dos três setores, indústria, comércio e serviços, a margem de lucro líquido da indústria entre janeiro e março foi de 11% das vendas. A pesquisa não leva em consideração o desempenho da Petrobrás, a maior empresa do País, que, por isso, distorce os resultados.

No mesmo período, o indicador para as empresas do setor de serviços atingiu 9,6% das vendas e o do comércio, 2,3%. Na média dos três setores, a margem de lucro líquido atingiu 8,5% das vendas no primeiro trimestre, o melhor resultado desde 2004.

No primeiro trimestre de 2005, a margem de lucro líquido dos três setores havia sido de 7,7% e, em igual período do ano anterior, 7%. A margem líquida de lucro é o lucro líquido em relação às vendas. É o que realmente sobra para a empresa após todo o processo produtivo e dos acertos financeiros.

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"O impacto financeiro melhorou o resultado das companhias", afirma o gerente de Análise de Crédito da Serasa e responsável pela pesquisa, Marcio Torres. Ele diz que os destaques positivos no setor industrial foram os segmentos de papel e celulose e o siderúrgico, com rentabilidade de 22,8% e de 19,3%, respectivamente

As empresas exportadoras, como de papel e celulose e aço, reduziram o endividamento em dólar, mais que compensando a perda de competitividade das exportações por causa do câmbio, diz Torres. No caso da siderurgia, ele acrescenta, além dos ganhos financeiros, a queda do preço do carvão mineral e do coque, importantes insumos.

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O diretor-financeiro da Aracruz, Isac Zagury, que exporta 98% da celulose que produz, diz que uma combinação de fatores favoráveis levou a companhia a atingir no primeiro trimestre um lucro líquido de R$ 347,9 milhões, 96% maior do que o obtido no último trimestre de 2005 e 73% superior ao do mesmo período de 2005.

Entre esses fatores estão a alta do preço da celulose no mercado internacional, que subiu 10% em dólar em 2005 e mais 10% este ano. Além disso, atropeladas pelo dólar, as empresas do setor racionalizaram custos de produção para compensar as perdas cambiais e reduziram o endividamento em moeda estrangeira. "O Brasil também tem custo de produção de celulose competitivo: a metade da média mundial", lembra.