Marcos Valério muda para mansão de R$ 10 milhões

Ele não usa black-tie, mas leva a vida com estilo. Indiciado pelo Ministério Público Federal como gerente do braço financeiro do esquema do mensalão, o empresário Marcos Valério deixou o cabelo crescer e parece ter melhorado de vida. Terminou a reforma de sua mansão no bairro do Castelo, em Belo Horizonte, e se mudou para lá. Trata-se de uma fortaleza com muros de até cinco metros de altura, com guaritas de segurança da dimensão de uma quitinete, vedadas com vidro fumê.

A mansão ocupa a metade de um quarteirão, rodeada por duas ruas nas laterais e uma na frente. O custo total da casa é estimado em R$ 10 milhões. Só a rede central de ar-condicionado, projetada para atender a um prédio de três andares, teria custado R$ 3 milhões, segundo inconfidências de um amigo. Talvez o valor esteja superestimado. O Estado apurou que esse é o custo de um equipamento de ar-condicionado para um prédio comercial de dez andares.

Pela assessoria, o empresário nega ter gastado tanto dinheiro. Assegura que não houve reforma na casa, mas pequenos reparos a um custo muito, muito abaixo de R$ 10 milhões. "Quem quiser pagar um terço desse preço leva a casa", desafia.

Suntuosidade

A mansão impressiona. Toda branca, assemelha-se mais a uma fortaleza do que a um palácio e destoa da vizinhança do bairro, com casas bem mais modestas. O aparato de segurança lembra muito o da casa de praia que o falecido Paulo César Farias, o PC, mantinha em Maceió. Há câmeras por todos os lados e quem se aproxima logo é abordado pelos seguranças.

Valério até imaginou transformar a fortaleza em palácio. Seis meses após o estouro do escândalo do mensalão, ele pensou em dotá-la com a mesma tecnologia de aquecimento da piscina do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República em Brasília. Chegou a telefonar para uma empresa que usa tecnologia israelense para aquecer piscinas com luz solar, mas à época acabou desistindo, diante da repercussão da notícia sobre as obras para ampliar a sauna e a piscina. A reforma tomou as páginas dos jornais e Marcos Valério a desmentiu o quanto pôde.

Sócio

Quase nada na vida de Marcos Valério sugere redução de patrimônio ou alteração do padrão de vida. Ele tem ainda outra casa, num condomínio fechado em Belo Horizonte. Por motivos de segurança e conforto, porém, tem optado por permanecer na mansão do Castelo. Costuma despachar no escritório do sócio e amigo Rogério Tolentino, no sexto andar de um edifício no bairro Savassi.

Valério e Tolentino estão sempre juntos e na Copa do Mundo só se separaram durante os jogos do Brasil: cada um foi ver com sua família. Agora, eles esperam que a denúncia do Ministério Público demore a ser julgada. "Ninguém sabe ao certo, mas pode durar uns quatro anos", diz Tolentino. Daí a necessidade de manter o silêncio e não se envolver em polêmicas: "Nem eu nem o Marcos Valério vamos falar sobre o assunto.

A tranqüilidade de Valério se reflete no casamento. Na crise do mensalão, ele viveu um drama familiar. Sua mulher, Renilda Maria Santiago Fernandes de Souza, chegou a propor a separação. Ele costumava dizer que sua vida tinha acabado. Agora, o casal voltou às boas. Com casa reformada e protegida, Valério não parece um homem que pode ser condenado por ter protagonizado um dos maiores escândalos de corrupção da história do País.

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