O líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Camacho, o Marcola, fez referência a um patrimônio próprio de "milhões de reais" ao revelar à CPI do Tráfico de Armas que paga com dinheiro do crime a advogada Maria Cristina Rachado e outros profissionais que o atendem. No depoimento fechado à CPI, em junho, Marcola respondeu com uma pergunta a indagação do relator Paulo Pimenta (PT-RS) sobre o pagamento de honorários: "O senhor já viu os meus crimes? O senhor já viu os valores?" Marcola continuou: "15 milhões (de reais) em um (assalto), 10 milhões (de reais) em outro, quer dizer…"

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Com a quebra do sigilo bancário e fiscal de Marcola, aprovada em maio, a CPI espera fechar uma relação dos bens e investimentos do criminoso e, no relatório final, sugerir mudanças na lei que permitam o confisco imediato do patrimônio de condenados por crimes como assalto, roubo, seqüestro, tráfico e lavagem de dinheiro. "A sugestão será de inverter o ônus da prova. Hoje, o Estado tem que provar. Quero que o acusado prove a origem dos recursos que levaram àquele patrimônio", disse hoje o relator.

No depoimento fechado à CPI, Marcola revelou que usava um avião bimotor para vir ao Brasil, quando passou seis meses foragido no Paraguai, antes de sua última prisão, há sete anos. Disse também que tinha uma caminhonete F-250, usada em São Paulo. Fez referência a temporadas que passou em Guarapari e Fortaleza.

Investigadores de São Paulo disseram a deputados que já tentaram rastrear investimentos de Marcola na capital cearense, mas a CPI ainda não recebeu informações mais detalhadas sobre os bens do criminoso.

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Marcola definiu a advogada Maria Cristina Rachado como "amiga da família", em especial de sua mulher, Cyntia, estudante de Direito. O chefe do PCC disse que Cyntia já trabalhou no escritório de Maria Cristina. Depois de afirmar que tinha dinheiro para pagar os advogados, o criminoso mudou a versão e disse que os honorários de Maria Cristina eram pagos por pessoas de sua família.

"Na visão dele, o fato de estar cumprindo pena permite que ele use o dinheiro obtido com o crime. Nunca mais havíamos nos deparado com criminosos que dizem que pagam advogados com os crimes que cometem. Marcola assumiu isso", afirmou Paulo Pimenta.

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