A marcha do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) chegou há
instantes ao estádio de futebol Mané Garrincha. Logo ao chegarem, iniciou-se a
tradicional "mística", que está sendo realizada todos os dias quando a marcha
chega a alguma cidade.

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A mística é uma das principais formas de expressão
cultural do MST. Pode ser definida como um ritual de valorização e afirmação da
cultura desenvolvida pelos camponeses nestes vinte anos de organização social.
Herança da igreja católica, cumpre na "liturgia" dos Sem Terra o papel que a
missa ocupa no catolicismo. Normalmente, é realizada na forma de uma
apresentação teatral, em que música, jogo de cena, poesia e mímica se
misturam.

De acordo com o geógrafo Bernardo Mançano, um dos principais
estudiosos sobre o MST, "a mística é o sangue do movimento. Aonde ela corre, o
movimento vive. Aonde não, ele morre. Acredito que isso é o que de mais novo
existe". De acordo com Jusceli dos Santos é um espetáculo "mais encenado que
falado, feito com movimento, imagem e símbolos". Segundo o ator, ela está
absolutamente presente no dia-a-dia do movimento. "Em todos os encontros
nacionais do MST, a primeira coisa que se faz, ainda pela manhã, é realizar a
mística", explica.

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