Jackson Lago (PDT), governador do Maranhão e alvo da Operação Navalha, liberou R$ 6,12 milhões para a Construtora Gautama entre 9 de março e 25 de abril. Foram 4 depósitos em favor da empresa de Zuleido Veras, apontado pela Polícia Federal como mentor do esquema de fraudes em obras públicas. Em 2006, José Reinaldo Tavares (PSB), antecessor de Lago, liberou 12 pagamentos para a Gautama no valor global de R$ 25,4 milhões. Ele teria recebido um carro de R$ 110 mil de presente. Juntos, Lago e José Reinaldo pagaram, em apenas 16 meses, R$ 31,57 milhões para a empreiteira que o Tribunal de Contas da União (TCU) mantém sob suspeita desde 2002.
Na Assembléia Legislativa do Maranhão, deputados de oposição acusam o ex-governador e o atual de terem liberado recursos públicos para obras fantasmas. O contrato com a Gautama prevê desembolso de R$ 153 milhões para construção de pontes em estradas do interior e do litoral maranhense. Algumas pontes que já foram concluídas não levam a lugar algum, segundo os oponentes de José Reinaldo e de Lago. Eles sustentam que o governo criou povoados inexistentes para justificar a contratação.
Os dados sobre os pagamentos em benefício da Gautama foram divulgados ontem em São Luís. São informações oficiais, ordens bancárias que constam do sistema de administração financeira do Estado.
Lago admitiu que os pagamentos foram feitos para a Gautama, mas negou que tenha havido fraudes ou favorecimento à empresa. José Reinaldo nega irregularidades. Sobre o carro, diz que o comprou com seu próprio dinheiro, em março de 2006, em uma concessionária da Citroën em Brasília, e que declarou o bem no Imposto de Renda.