Foto: Arquivo |
![]() |
Rebanho bovino brasileiro livre de aftosa. |
Brasília – O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, informou que nos próximos meses Brasil, Bolívia, Argentina e Paraguai começam a operacionalizar medidas conjuntas de controle da febre aftosa na faixa de fronteira de 15 km determinada pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como zona de alta vigilância. ?Já mantivemos os entendimentos para implementação dos projetos?, afirmou Stephanes. A faixa de alta vigilância abrange a fronteira desde o Rio Grande do Sul até Rondônia.
O ministro lembrou que os recursos para a execução dos projetos de controle e erradicação da febre aftosa na fronteira estão garantidos. ?Além dos R$ 45 milhões já consignados, o Ministério do Planejamento liberou R$ 20 milhões em abril e outros R$ 25 milhões estão garantidos por meio de medida provisória publicada no dia 11 de maio.? Stephanes explicou que os projetos conjuntos envolvem o georreferenciamento das propriedades, vacinação assistida, brinco nos animais e barreiras de trânsito definidas.
Na avaliação do ministro, a definição de um trabalho conjunto na fronteira com os países vizinhos é um passo importante para que o Brasil solicite à OIE a retomada da condição sanitária dos estados considerados livres de febre aftosa com vacinação. Desde outubro de 2005, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe e Tocantins tiveram o reconhecimento internacional suspenso. ?Nossa expectativa é de que em setembro, durante a reunião do Comitê Científico da OIE, já tenhamos condições de solicitar a retomada do status sanitário desses estados como áreas livres de febre aftosa com vacinação?, disse Stephanes.
A OIE suspendeu o status dos onze estados em função dos focos de febre aftosa ocorridos no Mato Grosso do Sul e no Paraná em outubro de 2005. Atualmente, a OIE reconhece os estados de Rondônia, Acre, Rio Grande do Sul e, a partir de agora, o centro-sul do Pará, como áreas livres de febre aftosa com vacinação, além de Santa Catarina como zona livre sem vacinação. Os demais estados são considerados como áreas de risco desconhecido para febre aftosa. ?Mas existem estados, como Maranhão e Pernambuco, por exemplo, que estão em processos avançados para solicitar o reconhecimento internacional?, adiantou Stephanes.
Exportações
O ministro Reinhold Stephanes enfatizou que, apesar da suspensão do status sanitário perante a OIE desde 2005, as exportações do complexo carnes mantiveram o ritmo de crescimento. ?Todos os estados, com exceção do Paraná e Mato Grosso do Sul, continuam exportando, inclusive para a União Européia e, no caso da carne suína, apesar do embargo da Rússia, o Brasil está ampliando as vendas externas?, acrescentou.
Sobre a suspensão do fornecimento de carne de dez frigoríficos brasileiros, Stephanes disse que o governo brasileiro está solicitando informações adicionais ao Serviço Veterinário da Rússia sobre as novas exigências.
SC pode abrir mercados para o Brasil
Brasília – A decisão da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) de reconhecer o Estado de Santa Catarina como zona livre de febre aftosa sem vacinação pode significar a ampliação de mercados internacionais para a carne suína produzida no estado. A decisão favorável ao pleito brasileiro, anunciada na última terça-feira na sede da OIE, em Paris (França), deve alavancar as exportações do estado, responsável por 26% da exportação brasileira do produto.
?O Brasil é o maior exportador de carnes do mundo, no entanto, por causa de restrições sanitárias, não tem acesso aos mercados que melhor remuneram os produtos?, explica o diretor de Promoção Internacional do Agronegócio, Eduardo Sampaio Marques. De acordo com dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), o preço da carne suína in natura vendida pelo Brasil em 2006 correspondeu a apenas 62% do preço pago pelos mercados do Japão, Coréia do Sul e Estados Unidos, países que ainda não compram esse tipo de carne do Brasil.
Assim, a decisão da OIE pode abrir as portas de novos mercados e garantir renda mais elevada para os produtores brasileiros. Regiões do Uruguai e da Argentina, que também obtiveram da OIE título semelhante, já conseguiram entrar no mercado dos Estados Unidos, o segundo maior importador de carne suína do mundo, responsável por absorver 5% da produção mundial.
Já para se aproximar do mercado asiático, em que se destaca o Japão – comprador de 23% de toda carne suína exportada no mundo – é preciso investir num relacionamento de longo prazo.
?Em 2006 organizamos visitas ao Japão, Coréia do Sul e Indonésia. Este ano, uma equipe de técnicos japoneses virá conhecer a experiência de erradicação da aftosa do Brasil?, informa o coordenador-geral de Acordos Bilaterais Regionais do Ministério da Agricultura, Márcio Rezende. ?A decisão da OIE é um fator importante para o Brasil nas negociações?, acrescenta Rezende.
