O programa de geoprocessamento que vai fazer o mapeamento do crime no estado do Paraná entra em operação no dia 1º de julho em cerca de 35 cidades com população maior que 40 mil habitantes. Durante a reunião da Operação Mãos Limpas, realizada nesta terça-feira (16), o advogado Marcelo Jungend, assessor da Secretaria da Segurança Pública, fez a apresentação do cronograma para implantação do programa.
Segundo Jugend, todos os sub-projetos vinculados ao programa de geoprocessamento, onde se inclui o Boletim de Ocorrência (B.O.) Unificado, devem ser conectados até o dia 30 de junho. Na reunião desta terça-feira, os diretores da Consultoria Ipsons Opinion, de São Paulo, contratada para auxiliar na elaboração do boletim unificado, fez a exposição de como esse novo instrumento deve funcionar.
O governador Roberto Requião determinou que a exposição fosse estendida para um público especializado, como delegados de Polícia Civil, oficiais da Polícia Militar, procuradores e juízes, para que fizessem uma análise crítica do projeto.
Segundo Jugend, de acordo com o cronograma estabelecido, o programa inicia a fase de licitação dos equipamentos necessários como software e serviço de geocodificação de ruas e cidades. Como está havendo intensa colaboração por parte da Paraná Cidade e Copel na codificação das ruas, Jugend acredita que a implantação do programa vai custar de R$ 700 mil a R$ 800 mil.
Paralelamente à licitação, a Secretaria da Segurança Pública inicia a fase de treinamento de aproximadamente 900 policiais civis e militares, que agirão como agentes multiplicadores nas cidades de origem.
Jugend pediu autorização ao governador para promover a integração das áreas de influência das polícias Civil e Militar em todo o Estado, que atualmente não são coincidentes.
Mapa do Crime
Com o geoprocessamento e a utilização do boletim de ocorrência unificado será possível estabelecer o mapeamento do crime para que o governo possa adotar políticas sociais preventivas nos locais de maior concentração de práticas criminosas. Também a polícia pode agir de forma preventiva para evitar a ocorrência de atos criminosos.
Segundo Jugend, a política atual de combate ao crime exige investimentos altos com a manutenção de uma vasta estrutura de efetivo policial, penitenciárias e programas de repressão que não reduzem os índices de criminalidade.
Ele lembrou que as linhas básicas de combate ao crime devem começar pelo controle da agressividade das crianças; valorização da relação família, trabalho e amigos; inserção econômica das pessoas na sociedades para evitar que entrem no mundo crime; orientação ao cidadão para que evite riscos em locais de maior incidência de crimes; prevenção e apreensão de pessoas; investigação, julgamento e punição e por fim, a reinserção social do preso.
De acordo com Orjan Olsen, da consultoria paulista, o impacto do boletim de ocorrência unificado na política de segurança é bastante significativo. As informações unificadas permitem apontar áreas e regiões de desestruturação e de desigualdade social que levam ao crime, identificar a origem geográfica dos criminosos, geralmente em favelas e bairros com pessoas de baixa escolaridade, elevado grau de desestruturação familiar. Permite também identificar os bolsões de miséria em determinadas regiões, de onde acontecem os atos criminosos.
De posse dessas informações é possível estabelecer políticas públicas como a de inserção dos jovens no mercado de trabalho. Hoje, sabe-se que a idade média de inserção do jovem no mundo do crime ocorre dos 15 aos 21 anos. “Daí é praticamente impossível detê-lo”, lembrou Olsen. Segundo ele, a relação entre desemprego e o crime é direta, sendo praticamente uma relação de causa e efeito, destacou. “E desemprego gera ao roubo que é a porta de entrada para o crime”, resumiu.
